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segunda-feira, 23 de março de 2015

Sobre Coisas do Acaso.


Salvador, Bahia, fez parte do meu itinerário de vida. Egresso da Paraíba, entrei no meu fuscão amarelo, e sozinho tomei a estrada e fui.

De campina Grande, onde morei quase três dos últimos quatro anos, pois destes um ano e dois meses passei na Inglaterra, iniciei aquela longa viagem, de mais de 1000 km.

Embora viajasse só, espaço para mim dentro do carro quase não havia! Parte da mudança, levava comigo. Minha visibilidade era reduzida ao que me permitiam ver as coisas que atulhavam o carro.

Era um sábado, dia seis de setembro de 1974. No mesmo dia cheguei! Dormi cansado, com o carro estacionado à frente do hotel, que ficava à Av Sete de Setembro. Uma das mais centrais da antiga Salvador.

Acordei no domingo, para tomar o maior susto! É que o meu carro não encontrei. Havia sido levado. Para onde eu não sabia. Até que alguém me tranquilizou dizendo que ele não havia sido roubado. Apenas guinchado. Era proibido estacionar ali em dias de parada militar. Não demorei a reavê-lo, e dentro dele os meus pertences.

A minha mudança de Campina Grande para Salvador, representava a mudança da minha vida acadêmica, no Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba, para a vida profissional como engenheiro eletricista na Chesf - Companhia Hidro Elétrica do São Francisco.

Mal pude esperar que passasse o domingo que me separava da assinatura do meu contrato de trabalho. Abriram-se as portas do escritório da Chesf em Salvador, para início de mais uma semana, e eu já entrava para ali me apresentar.

Foi com alegria inesquecível, que de lá saí sob o número de matrícula 1743.

A tarde terminou depois de meus primeiros momentos na Subestação de Matatu, que se tornaria pelos anos seguintes a minha segunda casa.

Já anoitecia quando, a caminho do hotel, dei mais algumas voltas de carro, como já fizera no domingo, para o reconhecimento da cidade.

Imaginem que na véspera, aproveitando o domingo, eu já fora, no meu fusca, à subestação de Matatu. Não poderia ainda entrar, mas contentei-me de vê-la do lado de fora.

Mas, o que estaria por acontecer, tornaria ainda mais excitantes, esses meus primeiros dias na Bahia, se é que isso era possível.

Terminei o meu primeiro dia como engenheiro da Chesf com alguns momentos de reflexão, nas primeiras horas da noite, sentado de frente para o mar de Ondina. Acompanhava-me um copo cheio de chopp tirado com espuma.

Eis que por mim passou um homem que, incidentalmente, deixou cair uma tira de bilhete da Loteria Estadual da Bahia. Até aí, nada capaz de me impressionar, e induzir à compra. É mesmo assim que costumam fazer os vendedores de bilhetes de loterias.

O que ele não poderia simular, entretanto, foi o número daquele bilhete que deixara cair aos meus pés. Seu número tinha muito a ver com o que acabara de receber da Chesf, por minha matrícula.

Nº da minha Matrícula: 1743.

Nº do Bilhete: 4317.

Comprei!

O prêmio não era assim tão grande que eu, ganhando, pudesse seguir alguma carreira solo. Vocês sabem, eu trabalhei por toda vida, até que um dia conseguisse me aposentar!

Ganhar aquilo ali, entretanto, seria receber graciosamente o equivalente ao que ganharia trabalhando durante os três anos que viveria em Salvador. 

Daí porque este fato veio a acrescentar ao meu estado de satisfação, de alegria, essa nova e inesperada perspectiva. Uma estranha sensação me levou a  admitir desde então, que algo grandioso se avizinhava.

Foi quando, dias depois, sorteado o prêmio, hospedado que ainda estava no mesmo hotel, desci para o desjejum. Ao passar pela ante-sala do refeitório, sobre uma mesa estavam os jornais       daquela manhã. Meu sangue quase sumiu! Estampado no Jornal pude ler o resultado do tão aguardado sorteio.

Qual não foi minha surpresa ao constatar que nem um único número dos sorteados coincidia com aqueles nos quais joguei: 4317.

De fato, o céu não era perto!

Todo o dinheiro que ganharia para viver, viria mesmo como fruto do meu trabalho!

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