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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Mídia X Governo



Ricardo Kotscho foi secretário de imprensa do governo Lula, entre 2003 e 2004. Ele é certamente muito indicado para opinar sobre a atual briga entre governo e mídia. E isso é o que ele faz, na entrevista que concedeu a BBC Brasil. Você talvez queira conhecê-la na íntegra, o que poderá fazer acessando o link sob o título acima.


Na sua opinião, os donos da comunicação e os seus jornalistas, não admitem que Lula tenha sido eleito, reeleito, e, agora esteja fazendo um sucessor. Ricardo Kotscho diz que "...você não sabe onde termina o Jornal Nacional e onde começa a campanha de Serra".


Comenta também que "nunca tivemos tanta liberdade como temos hoje. Essa liberdade está sendo abusada e mal usada". Entretanto, ele acha que Lula não deveria atacar a imprensa, sendo nesse caso, preferível que assumisse a postura que adotou durante todo o seu governo.


A propósito, no último debate presidencial, realizado na TV Record, a candidata Dilma Roussef, quando lhe foi dada a oportunidade de comentar sobre o assunto, evitou de criticar a mídia.


Expressou-se de modo que achei muito parecido com o que fizera o presidente Juscelino Kubitschek, durante o seu governo. Naquela ocasião, enfrentava oposição ferrenha da imprensa, e, incitado a reagir, preferiu, digamos, "fazer olhar de paisagem".


A postura de Dilma Roussef é compreensível, já que se eleita, as dificuldades do seu governo no enfrentamento com a mídia poderiam ser ainda maiores, e caberá a ela e não ao presidente Lula, essa tarefa.


Aproveito a pertinência da questão, para recomendar o excelente trabalho recentemente lançado em dois volumes: "No Planalto com a Imprensa". Organizado por André Singer, Mário Hélio Gomes, Carlos Villanova e Jorge Duarte, os livros foram publicados pela Editora Massangana da Fundação Joaquim Nabuco de Recife. 


Reúnem entrevistas com ex-secretários de imprensa e porta vozes dos governos da república,  de 1958 (J.K.) até 2005 (Lula). Deles também fazem parte as entrevistas relativas aos 25 anos do regime militar.


Somente 10 dos ex-secretários e/ou porta vozes, não foram entrevistados. Oito, porque já haviam morrido por ocasião da elaboração das entrevistas. Dois outros, porque se recusaram a dar as entrevistas: o general José Maria de Toledo Camargo, "no comando da área entre 1977 e 1978", no governo Ernesto Geisel, e Ana Tavares de Miranda, secretária de imprensa do governo Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2002.


Assim como ler sobre a história da realeza em países monarquistas termina nos levando a conhecer não só sobre a monarquia daquele país, como também sobre a sua história política, o mesmo acontece através desses livros, que ao revelar a imprensa no Brasil, muito nos contam sobre a sua história política.

sábado, 25 de setembro de 2010

"Antes Tarde do Que Muito Tarde".





  Leonardo Boff

Finalmente surge um clamor na sociedade, que pretende discutir o abuso de liberdade que tornam os principais meios de comunicação do país, fantoches na mão dos seus donos. Raivosos, preconceituosos e manipuladores, sempre distantes de cumprirem o seu real objetivo de informar.

Desde 1954 (na oposição a Getúlio Vargas) que esse tipo de mídia faz jus a recente denominação que lhe foi dada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, de Partido da Imprensa Golpista (PIG).

Essa mídia que no passado contribuiu para definir eleições importantes a favor dos seus candidatos, distorcendo verdades, divulgando mentiras, e fazendo edição criminosa de vídeos de debates, está perdendo a olhos vistos o seu poder de influência.

Entretanto, o que muitos de nós esperávamos, certamente não era ver enfraquecer-se esse império do mal, em decorrência apenas do descrédito popular e do avanço da internet.

Queríamos que durante o atual governo, o assunto tivesse sido discutido pela sociedade, e medidas efetivas tomadas, a favor da liberdade de imprensa, e contra a libertinagem.

Lula não pareceu interessado durante o seu governo, em enfrentar essa questão. Pareceu querer primeiro derrotá-la (à mídia) em meio a ausência de ações que lhe corrigissem os erros, para só depois de desmoralizá-la, abrir uma discussão. 

Sendo assim, ao final do seu excepcionalmente bem sucedido governo, e a partir de uma disposição tardia porque expressa ao público somente ao apagar das luzes do seu segundo mandato, Lula - uma das figuras da política que mais tem sido odiado e perseguido pelo chamado "PIG", tem finalmente se manifestado abertamente sobre essa questão.

A ele seguiram-se algumas figuras nacionais entre as mais respeitadas, a exemplo do ex-frei Leonardo Boff. 

O PIG, a quem esse momento histórico a favor da consolidação da democracia não interessa, já começa a influenciar negativamente a população, alertando para que está a caminho um atentado contra a liberdade de imprensa.

Como poderia alguém como Leonardo Boff, que sofreu da igreja católica a imposição do  "silêncio obsequioso", querer atentar contra o direito de liberdade da imprensa? 

Gostaria de recomendar-lhe a leitura sobre o que diz o Leonardo Boff ( http://tinyurl.com/36k5f94 ). Você também poderá acessar a matéria, clicando no título acima ("Antes Tarde do Que Muito Tarde")

O que está a caminho, é uma luta por uma mídia decente, que informe com isenção e atenda aos requisitos pelos  quais lhe é mantida a concessão federal que lhes dá o direito de funcionar.

Há de se cobrar dela, o cumprimento do seu real objetivo.

Infelizmente, como disse Nietzsche: "Há muitos que são obstinados no que se refere ao caminho; poucos, no que se refere aos objetivos".


Assim é parte considerável da nossa mídia, assim são os políticos a quem não importam o interesses da maioria.

domingo, 19 de setembro de 2010

Nossa Mídia: Que Papel é Esse?


No restaurante por peso, dirigí-me ao caixa. À minha frente apenas uma senhora. Ela demorava a pagar, porque antes, ocupava-se de falar para a moça que a atendia, algumas coisas pertinentes ao momento eleitoral.

- Você não viu a manchete do jornal de hoje? Escândalo dos grandes, minha filha! Eu é que não vou votar numa mulher dessas...

E bradava em tom bem característico de parte da nossa direita tradicional. Aquele tipo de direita que terminou classificada de "raivosa", e a qual Chico Buarque certa vez,  muito bem observou serem "raivosos até na alegria". 

Ao preencher um cheque para pagamento, e não contendo as emoções,  a senhora registrou sem querer seu descontrole, quando por engano, assinou DILMA. :-)))

Enquanto aborrecida rasgava o cheque preenchido indevidamente, ainda ouviu a caixa que a atendia dizer com tranqüilidade:

- Pois eu vou votar nela!

Em tom irônico a senhora irada, ainda bradou:

- Depois de tudo isso?

A caixa parecia não estar para muita conversa, e foi natural, calma e lacônica:

- Sim.

Senti uma vontade danada de dizer alguma coisa, e eu disse.

Meu comentário para as duas, foi assim:

- Que interessante! Estamos aqui três eleitores, e vejo que dois votarão na Dilma e, deduzo que um no Serra (eleitores de Marina não tem o perfil daquela senhora). É a mesma proporção que a de âmbito nacional! Afinal, segundo as pesquisas, Dilma Roussef poderá se eleger com o dobro dos votos de Serra.

A tal senhora, como se diz no popular, "picou a mula", indo purgar o seu dia aziago em outro lugar.

Enquanto a caixa me atendia, acrescentou o seguinte comentário:

- Ora! Se vou mudar meu voto, por causa do que dizem toda véspera de eleições! Tem sido sempre assim, e nem dá mais para acreditar...

Se admitirmos que vivemos em um microcosmo e que de certo modo ele pode nos fornecer indicações do que está acontecendo no macro, estaria certa a minha percepção de que mais uma vez, os esforços "midiáticos", desta vez a favor de José Serra, serão em vão.


A mídia que foi tão efetiva para eleger Collor em 1989, perdeu a sua eficácia, ao repetir tantas vezes a mesma estratégia, que já não convence uma população que me parece mais perspicaz. 


Desta vez, mesmo que a mídia repita tudo o que um dia já fez contra Lula, incluindo a edição do debate final de modo a favorecer o seu candidato, aproveitar o sequestro de algum grande empresário em cujos sequestradores vistam camisas do PT, e acusações pessoais diversas sem as devidas comprovações, ainda assim, tudo indica que nem sequer conseguirão levar a decisão para o segundo turno.

Em todo caso, penso que é chegada a hora de uma discussão democrática, a respeito do papel que tem desempenhado esse tipo de mídia.

Podem os meios de comunicação que funcionam por concessão federal, e que deveriam prestar um serviço ao público, virar uma extensão de determinado partido político?

Disse Lula com muita propriedade em um discurso no comício de ontem, em Campinas, dirigindo-se aos jornalistas:

"A atuação da mídia é desonesta e golpista. Como foi em 54, como foi em 64, como foi em 89 e como vem sendo a cada eleição desde que a esquerda se viabilizou eleitoralmente. Sua falsa postura democrática vai por água abaixo quando vê seus interesses de classe ameaçados. A imprensa brasileira não faz jornalismo político. Ele atende aos interesses de seus donos. Que não se iludam de estarem fazendo jornalismo, porque o que fazem é contribuir com os interesses dos donos dos jornais e revistas para os quais trabalham". 

Lula falou e disse. Mas na minha opinião, durante o seu governo, evitou de enfrentar esse grave problema. 

A mídia de 54 é a mídia de 64, que é a mídia de 89, e que é a mídia de 2010. Será a mesma mídia em 2014, 2018 e 2020? 

Enquanto isso, viva a Internet! 

Comentários adicionais sobre essa questão, poderão ser lidos no blog "O Tijolaço" de Brizola Neto ( http://www.tijolaco.com/26740 ).

sábado, 18 de setembro de 2010

Combate a Corrupção: Opiniões Divididas.

"The Apple is on the table"


Publicado no Blog Alê 
(http://www.aleporto.com.br)
Alexandre Porto - 14/set/2010.

Noblat, a forca e a força da ministra Erenice.


O incansável clippeiro Ricardo Noblat inaugurou há poucos dias um comentário em vídeo. Trata-se de um rápido comentário de pouco mais de 1 minuto sobre algum tema, para ele, relevante. Nessa terça-feira ele resolveu falar sobre uma suposta A herança maldita da Era Lula. Não, não é a política fiscal ou a crise cambial, tema recorrente entre os 'especialistas' econômicos. Para Noblat a herança maldita de Lula será a "leniência, cumplicidade, tolerância com escândalos e maracutaias". E para justificar sua tese usa dois exemplos bem didáticos, "o primeiro e o último escândalo". 





Caso Valdomiro Diniz - Vamos relembrar que o citado foi flagrado recebendo propina de bicheiros cariocas, nos últimos meses de 2002, ou seja, antes de Lula tomar posse. Quando a gravação veio a tona, o assessor da Casa Civil foi demitido e sobre ele foi aberto inquérito. Era tudo o que o governo Lula poderia fazer sobre um caso ocorrido antes mesmo de haver governo Lula. 





Caso Erenice Guerra - O clippeiro chama de "nebuloso caso de tráfico de influência, com cobranças de propina". É claro que já a condenou por antecipação. Mas onde está a leniência ou cumplicidade do presidente? Está em não fazer pré-julgamento? Todas as denúncias publicadas são tão nebulosas quanto o caso em si. Toda as supostas fontes desmentiram a revista e tudo parece mesmo um grande roteiro para pegar "o braço direito" da candidata petista Dilma Rousseff, como reforça Noblat no seu comentário. A “bala de prata”. A imprensa parece que tem muita dificuldade de encarar o contraditório e esquece que um dos mais importantes direitos consagrados na nossa Constituição é da presunção de inocência. Erenice, por contra própria, pediu que fosse investigada em toda as instâncias, mas o Noblat, como aliás a imprensa em geral, quer a forca. Abaixo a nota que a ministra da Casa Civil divulgou hoje:


"Nota à imprensa: 





1- Encaminhei aos Ministros Jorge Hage, da Controladoria-Geral da União, e Luis Paulo Teles, da Justiça, ofícios em que solicito que se procedam todas as investigações necessárias no sentido de apurar rigorosamente os fatos relatados em matéria publicada pela revista Veja, em sua edição mais recente, e que envolvem tanto minha conduta administrativa quanto a de familiares meus. 

2- Espero celeridade e creio na exação e competência das autoridades às quais solicitei tais apurações. 

3- Reafirmo ser fundamental defender-me de forma aberta e transparente das mentiras assacadas pela revista Veja. E assim o faço diante daquela que já é a mais desmentida e desmoralizada das matérias publicadas ao longo da história da imprensa brasileira. 

4- Lamento, sinceramente, que por conta da exploração político-eleitoral, mais que distorcer ou inventar fatos, se invista contra a honra alheia sem o menor pudor, sem qualquer respeito humano ou, no mínimo, com a total ausência de qualquer critério profissional ou ética jornalística. 

5- Chamo a atenção do Brasil para a impressionante e indisfarçável campanha de difamação que se inicia contra minha pessoa, minha vida e minha família, sem nada poupar, apenas em favor de um candidato aético e já derrotado, em tentativa desesperada da criação de um "fato novo" que anime aqueles a quem o povo brasileiro tem rejeitado. 

6- Pois o fato novo está criado e diante dos olhos da Nação: é minha disposição inabalável de enfrentar a mentira com a força da verdade e resoluta fé na Justiça de meu país, sem medo e sem ódio".



O fato concreto é que não há um caso sequer de desvios éticos no governo Lula que não tenha sido investigado. O governo nunca se valeu de 'engavetadores gerais da república' para colocar mal feitos para debaixo do tapete. No caso conhecido como "mensalão" poderia ter trocado de Procurador, mas manteve aquele que estava formulando a denúncia contra alguns de seus companheiros de partido. A independência da Polícia Federal chegou a ser motivo de queixa de muitos aliados, eventualmente indiciados por esse ou aquele caso de corrupção. O número de Operações Especiais da PF se multiplicou e ninguém, mesmo os mais ferrenhos opositores, ousam contestar. Mas não cabe ao presidente, felizmente, julgar. Não se trata de leniência, muito menos cumplicidade, mas de respeito à Constituição.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Corruptio/onis



José Antonio Martins, paulista nascido em 1974, graduado, mestre e doutor em filosofia pela USP, é professor do Departamento de Filosofia da Universidade Estadual de Maringá e autor do livro: "Corrupção".

Ele começa por explicar: "A palavra corrupção deriva do termo latino corruptio/onis, donde vem sua acepção primeira. (...) Durante séculos a noção de corrupção sempre esteve associada a idéia de processo natural  ou etapas em que um corpo vivo se desgastaria chegando à morte. Desgaste ou degeneração que atingiria as estruturas mais básicas de um corpo, começando pelas partes para depois chegar ao todo, levando à morte deste".

E mais adiante prossegue: "Essa imagem biológica da corrução se transporta para o mundo político e social, quando os filósofos passam a entender que as cidades, os entes políticos são também corpos naturais. Desse modo, uma cidade, um regime político, um governante ou uma instituição nasce, cresce, desenvolve-se, inicia um processo de degeneração e decadência e, por fim, morre ou desaparece".


"Nesse contexto político, a corrupção manifesta os seus primeiros sinais no momento em que os entes políticos começam a perder sua força e vigor iniciais e mostram sintomas de fragilidade, de degeneração, de desvios dos primeiros princípios".


Entretanto, ao tomar por exemplo a queda do Império Romano, o autor aponta para o momento no qual essa concepção puramente biológica e portanto naturalista, "se transfere para o campo da moral, e passa a ser vista como um critério para qualificar a vida em sociedade".


O autor entretanto contesta que a causa da queda do Império Romano, possa ser atribuida a imoralidade pública. Ainda que não tivesse se instaurado a corrupção moral, o Império Romano estava destinado como todos os Impérios, a um dia decair.


Ele prossegue afirmando que o inventor da causa moral para explicar a decadência dos Impérios, foram os Padres da Igreja, a partir de uma concepção cristã. E que um dos primeiros a defender essa idéia, foi o Santo Agostinho de Hipona, na sua obra A Cidade de Deus.


Diz o autor: "Nunca é demais lembrar o carácter  ideológico dessa interpretação, pois por ela se tem também a desqualificação de outras concepções de mundo que rivalizam com a visão Cristã"


Existe porém um outro modo de se entender o fenômeno da corrupção, e  por essa interpretação, a explicação das razões da corrupção é vista "mais ligada à fraqueza de suas leis e de suas instituições políticas, a falta de preocupação e ação do cidadão em relação as coisas públicas. Ora, esse modo de conceber a política, tem se mostrado muito mais adequado para a explicação do fenômeno de corrupção, do que a visão moralista, pois consegue identificar melhor as suas causas".


Essa distinção entre a esfera moral e a política, é atribuida a Maquiavel, e "é um dos marcos do pensamento político, que se seguiu até hoje".


E aqui chego ao ponto em que o cidadão sensato, que acompanha a atuação dos governos que se sucedem, haverão de por experiência pessoal, concordar. 


É que para Maquiavel, "Em linhas gerais, a corrupção política é um fenômeno que necessáriamente ocorrerá, e os mecanismos de controle ou aniquilamento desse mal estão na luta política entre os grupos que compõem uma cidade".


Das idéias desse homem sábio e experiente, que transitou nos meios políticos de cidades estados medievais, decorre ainda, o fato de que é impossível um Estado corrompido em todas as suas partes conseguir sobreviver.


Já que a corrupção é inevitável e estará presente em todas as instituições do Estado e em todo os governos, através das pessoas, para que os governos possam sobreviver, importa que o próprio Estado tenha em relação à corrupção o papel de combatê-la.


Por isso entendo os governos estão sujeitos à corrupção, como a sociedade está sujeita a gripe. A gripe não importando seu tipo, deve ser levada a sério pois melhor é  debelar.  Para prevenir que se torne uma pneumonia, pode ser preciso tratar com medicação apropriada, que assegure a eliminação de processos infecciosos que possam levar a morte. 


"Entretanto, não são raras as vezes que representantes políticos traem o seu grupo ou mesmo contrariam as deliberações de sua base social, rompendo com aqueles que lhe deram um mandato representativo".


"Na doutrina Cristã, o fato de o homem nascer com o pecado original é um sinal permanente dessa tendência à ação nociva". 


Schopenhauer, o chamado filósofo do pessimismo, teve uma acurada percepção da natureza do ser humano, sendo por isso levado a chamar os seus pares de "bípedes".


Por esse motivo, não basta a escolha criteriosa de um  candidato. É importante acompanhá-lo para se certificar se mantém-se íntegro. 


O virtuoso e admirável cidadão que com o nosso voto entrou para a política, poderá depois de eleito, assumir o perfil detestável, daquele político que antes ele próprio combatia. 


Ainda que involuntáriamente, cada novo presidente, enfia no governo, agentes da corrupção. É de lei. Inútil pensar que isso só acontece, se o presidente pertencer ao partido adversário. 


Na impossibilidade de evitá-lo, e para a própria sobrevivência do seu governo que ruiria sem o apoio popular, resta ao governante, combater a corrupção em todos os escalões, utilizando os mecanismos para tal disponíveis, como a Polícia Federal, e o Ministério Público. O povo saberá se isso estará ou não sendo feito, e com que disposição!


Sabendo que o calcanhar de aquiles de um governante sempre será a possibilidade de enredá-lo em casos de corrupção, e a corrupção é onipresente, as oposições cumprem o seu papel de desencadear a "luta política entre os grupos que compõe uma cidade".


Ainda que nem sempre o façam movidos pelo zelo republicano.


Por isso que em períodos pré-eleitorais, as denúncias crescem em quantidade e a indignação dos denunciantes se exacerba. Infelizmente o ímpeto oportunista que visa angariar para sí os votos do adversário, cessa quando eles próprios, os denunciantes alcançam o poder, ou até mesmo depois que as eleições passam.


Terminam por demonstrar uma indignação menor  com o ato de corrupção em si, do que com o adversário político que a pratica. 


Os governos que não fortalecem as instituições encarregadas de combaterem a corrupção, e que não as estimulam a atuar com isenção, arriscam-se a perder apoio popular, e a desgastarem-se politicamente e eleitoralmente. Ainda que tenham a mídia ao seu lado. 


Também isso, "é da Lei".


Dessas breves considerações, sobre assunto tão complexo, vem uma dupla dedução: 


1."A corrupção política é um fenômeno que necessáriamente ocorrerá". 


2. A corrupção tem característica tal que : "um governante ou uma instituição nasce, cresce, desenvolve-se, inicia um processo de degeneração e decadência e, por fim, morre ou desaparece". Antes do desaparecimento, ocorrerão os sinais  inequívocos de falta de apoio popular. 


Já vimos isso no passado, e poderemos voltar a ver no futuro.


Não é a quantidade de corrupção presente nas instituições, e sim a força da reação que a ela se contraponha, que determinará se o estado conseguirá ou não sobreviver.


"É impossível que o Estado estando corrompido em todas as suas partes, consiga sobreviver". Diz J.A.Martins, em seu livro "Corrupção".


É a falta de apoio popular e não a mídia ou os adversários políticos dos que exercem o poder, que determinará o fim de um governo ou até mesmo de um regime. Nesse caso, ela ocorrerá menos pela existência da corrupção, que está presente em todos os governos, e mais pela sua falta de capacidade em combatê-la.


Nesses casos, alguns já sabem, a natural consequência poderá vir a ser uma longa permanência afastados do centro do poder.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A Felicidade como uma Conquista Farmacêutica.


Existe, hoje em dia, uma assombração que ronda os consultórios dos psicólogos e dos psicanalistas: a Neurociência. Os psicólogos se sentem cada vez mais e temerosos de perder seus pacientes para psiquiatras que, por sua vez, têm acesso cada vez maior a um grande número de medicações para todos os tipos de desconforto psíquico. As relações entre Psicologia e Neurociência estão cada vez mais tensas.

Essa tensão reflete não apenas a indisponibilidade das pessoas para tratamentos mais longos através da psicoterapia como também um embate teórico. A Neurociência sustenta que a mente é um produto do cérebro e que o mental é redutível ao cerebral. Há uma espécie de consenso social velado acerca dessa posição que, no entanto, se choca frontalmente com nossas crenças religiosas mais arraigadas segundo as quais o cérebro é apenas o hospedeiro biológico de uma mente imortal.

Mas essa posição tropeça em vários obstáculos. Aproximamo-nos de saber como o cérebro pode produzir a mente e onde ela se localiza, mas há uma questão que permanece intratável: o problema da causação mental. Não sabemos como o mental pode interferir no físico, pois não sabemos se é o cérebro que controla a mente ou se ocorre o oposto. Os psiquiatras parecem apostar na primeira possibilidade e os psicólogos e psicanalistas na segunda. Psiquiatras apostam na medicação; psicanalistas, na psicoterapia.

Os neurocientistas nos dizem que teorias psicológicas fundadas em ideias como as de apego, ressentimento, assertividade etc., desaparecerão na medida em que formos identificando seus correlatos neurais. Sentimentos, como a angústia, a inveja, etc., seriam meras ilusões que cederiam através do tratamento pelo uso de medicamentos. A felicidade é, para muitos neurocientistas, uma conquista farmacêutica. Isso reflete a ideia de que se, não podemos mudar o mundo, é melhor que mudemos nosso cérebro.

São ideias assustadoras. Mas, o que deve soar como algo ainda mais paradoxal para os psicanalistas é o fato de elas terem sido preconizadas pelo próprio Freud. Numa passagem conhecida do Esboço de Psicanálise, ele afirmou que “o futuro talvez nos ensine a agir diretamente, com a ajuda de algumas substâncias químicas, sobre quantidades de energia e sua distribuição no aparelho psíquico. Por ora, dispomos somente da técnica psicanalítica”.

Será que os psicanalistas se esqueceram dessa passagem? Será que já estamos vivendo os dias nos quais já não precisamos da Psicanálise e da Psicoterapia? E nos quais admitiríamos, seja como freudianos, seja como psiquiatras, que a felicidade é só um estado cerebral fugaz. A Neurociência teria achado atalhos alternativos à técnica psicanalítica?

Uma das razões do desconforto dos psicanalistas com a Neurociência está no fato de que Freud é estudado como o autor de um texto cuja exegese não deve terminar nunca. A exegese do texto de Freud é praticada, nos dias de hoje, tanto pelos psicanalistas quanto por alguns filósofos. Isso tornou a Psicanálise um gueto que enfrenta uma condenação à morte por não se deixar transformar. Um psicanalista ortodoxo praticamente não tem o que dizer acerca de remédios psiquiátricos. Freudianos e lacanianos repudiam a neuropsicanálise.

Para os psicólogos cognitivo-comportamentais, o uso de drogas psiquiátricas é encarado com menos aversão, embora ainda cause algum mal-estar. A suspeita com relação ao uso dessas drogas recai no fato de elas ofuscarem a cognição, produzindo um conforto tão provisório quanto falso, que impede a percepção e a modificação do ambiente pelo sujeito. Esta condenação só não se torna mais explícita porque terapeutas cognitivos comportamentais fazem uma espécie de profissão de fé materialista, o que, num certo sentido, faz com que eles inclinem suas simpatias em direção ao materialismo e à Neurociência.

Ora, a razão para o embate entre, de um lado, psicólogos e psicanalistas e, de outro, os neurocientistas está no modo como se concebe o problema mente-cérebro e, mais precisamente, a causação mental. Tudo depende de apostar mais na mente ou no cérebro. Isso faz com que muitos psiquiatras vejam a Psicanálise como uma perfumaria herdada do passado e os psicanalistas, por sua vez, ataquem cada vez mais o reducionismo mente-cérebro. Mas esse é um falso embate. Tanto a medicação quanto a psicoterapia desempenham um papel fundamental na causação mental.

Estudos recentes mostraram que a Psicoterapia altera de maneira significativa o funcionamento e as conexões cerebrais. Constata-se uma mudança no fluxo sanguíneo do sistema límbico e que, em alguns casos, quando esta é associada à medicação, o aumento desse fluxo sanguíneo chega também aos gânglios basais. A ressonância magnética funcional e a tomografia axial mostram que, no caso de pacientes que sofrem de depressão, a terapia opera mudanças no córtex frontal, no córtex cingulado anterior e no hipocampo. Uma reorganização da conectividade cerebral ocorre após a Psicoterapia. Psicanálise, Psicoterapia e Neurociência convergem uando adotamos uma perspectiva naturalista acerca do mental.

Não há contradição entre o Freud da Psicoterapia e o mesmo Freud que nos seus escritos de maturidade defendeu abertamente a possibilidade de tratar as angústias e outros distúrbios através de medicação. Da mesma maneira, neurocientistas devem levar a sério o que disse seu colega Antonio Damásio, ao afirmar que “pode-se morrer de desgosto, tal qual na poesia”.


Fonte: Portal Ciência e Vida (Revista Filosofia).

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Seka Nicolic.

Seka Nicolic: visite o seu site clicando no titulo acima.
Seka Nicolic conta que ainda morava na antiga Iuguslávia e trabalhava na sua antiga profissão de economista, quando algo aconteceu em seu escritório, que fugiu por completo a sua rotina de trabalho, e influiu no seu futuro.
Um homem que ali também trabalhava, mas que para se locomover usava uma cadeira de rodas, sofria permanentemente de fortes dores.
Certo dia, conta Nicolic, que sentindo-se dele compadecida, quis de algum modo ajudar-lhe. Seguindo a sua intuição, pediu licença para abraçá-lo. O resultado, testemunhado por outros colegas de trabalho, foi que ele obteve uma cura total!
Ela sentiu-se entretanto exaurida, e algo que lhe chamou a atenção, foi o fato de as pessoas diante do que presenciaram, passarem de imediato a lhe requisitarem para fazer o mesmo consigo, desconsiderando como ela naquele momento se sentia.
Seka Nicolic talvez por influência das suas origens e da sua formação, atribuiu essa sua capacidade, a algo que recebera por herança genética da sua mãe.
Dedicou-se a utilizar essa misteriosa "energia" que era capaz de transmitir, para curar pessoas. Ao mesmo tempo, entendeu que caberia a ciência explicar o fenômeno e a ela cobrar pelos atendimentos.
Sim! Seka foi pragmática!
Para evitar o assédio das pessoas que já não lhe permitiam viver como antes na sua própria terra, resolveu imigrar.
Terminou por estabelecer-se na Inglaterra, onde trabalha na sua nova área. Tornou-se ainda mais conhecida, depois que foi consultada por um dos membros da família real Inglesa.
O príncipe Andrew, após uma cirurgia no tornozelo, não conseguia livrar-se das dores que sentia, e nem mais podia pisar direito. 
Depois de recorrer aos meios digamos que convencionais sem que isso conseguisse resolver, o príncipe Andrew foi convencido por sua irmã Margareth a consultar Seka Nicolic, quando finalmente obteve o resultado desejado.
Para os interessados em saber mais, transcrevo a seguir uma poucas informações do site oficial da Seka: 


"Seka NIKOLIC chegou na Inglaterra em abril de 1989. Ela é uma praticante Bio-energia com poderes excepcionais. Nascida em Sarajevo, Iugoslávia. Ela é graduada em Economia Universidade de Sarajevo, mas tornou-se célebre como uma bio-energia praticante não só na Iugoslávia, mas em toda a Europa. Ela herdou poderes de Bio-Energy de sua mãe, mas foi encorajada a não usá-los até que terminasse sua educação. Ela tem exercido o seu extraordinário poder desde 1983.
O seu diagnóstico e tratamento não implica qualquer contacto físico com o paciente. Ao passar as mãos sobre o corpo de uma distância de 10 centímetros, Seka pode perceber uma dor localizada quando diagnosticando doenças. Ela reconhece imediatamente se cada órgão do corpo é saudável ou se está comprometido."
As habilidade de cura de Seka foram avaliadas pelo Instituto de Bio-científica da Energia Investigação em Milão (um dos mais ativos do mundo, entre os institutos de investigação investigando fenômenos energia). Sua taxa de sucesso é elevada e foi cientificamente demonstrado que o seu poder é inigualável ao de qualquer pessoa no mundo."


Concluindo eu diria que a mais recente divulgação dessas capacidades, está em cenas do recém lançado filme, "Nosso Lar".

O Sexto Sentido.

Uma Volta ao Mundo, Dançando!