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sábado, 30 de outubro de 2010

E Agora, Vamos Todos Votar!



Programa Final do Horário Eleitoral.


Chegamos ao final de mais uma campanha eleitoral para presidente da República.

A necessidade de um segundo turno, reacendeu as esperanças de quem viu de perto a possibilidade maior de perder já no primeiro turno. 


Por outro lado,   pelo menos inicialmente, trouxe uma natural frustração àqueles que estiveram muito perto de ganhar ali as eleições.

Em ambas as etapas, foi confirmado o importante papel da internet, veículo de campanha eleitoral de todos os candidatos. 

Assim como já havia acontecido nos Estados Unidos, a net foi um campo fértil de informações, veiculação de opiniões as mais diversas sobre os candidatos e suas propostas, e até de mobilizações. 


A internet tornou-se uma vez mais, um importante elemento para influenciar o resultado final.

É curioso que assim como ela foi de fundamental importância para o resultado final,  também o foi no primeiro turno, só que em uma direção aparentemente oposta a do segundo. Assim indicam hoje, as pesquisas.

Ficaram muitas lições para ambos os lados. Os adeptos da candidatura do PT, descuidaram-se ao não perceber e não neutralizar a tempo, a onda de ataques de baixíssimo nível, os quais inundaram a rede com mentiras, calúnias e  infâmias.

Por outro lado, a necessidade de um segundo turno, concedeu o tempo necessário para trazer as discussões para o campo da racionalidade. 

Verdades foram repostas, os preconceitos destilados no primeiro turno e as ações fundamentalistas foram discutidas, e as suas motivações foram compreendidas.

Os eleitores que haviam sido confundidos diante de tantas maledicências, puderam finalmente se reposicionar com consciência.

Ao fazerem, como passaram a mostrar todos os Institutos de Pesquisas, e principalmente à medida em que cai o número de indecisos, a vantagem é da candidata Dilma Roussef, à frente com uma margem de 8 a 10 milhões de votos.

Não é verdade que os erros cometidos pelos Institutos de Pesquisa no primeiro turno, comprometam a sua credibilidade para os números agora apresentados. Nenhum Instituto errou ao indicar que Dilma Roussef venceria o primeiro turno.

Somente um fato extraordinário, que certamente ficaria para a história como um exemplo pouco provável de fatalidade, poderá mudar a menos de 15 h para o início da votação, o resultado considerado mais provável.

Diante do imponderável que caracteriza a vida, será sábio manter-se prudente embora confiante, e torcer pelo resultado que desejamos.

Considero que o segundo turno serviu para trazer luz, a muitos fatos que embora documentados e portanto reais, jamais seriam revelados por uma parte predominante da mídia, que mais uma vez aparece como uma extensão do partido do candidato Serra.

Coube a milhares de militantes digitais, através da net, por e-mails, redes sociais, Twitter e inúmeros blogs, divulgá-los. 

Entretanto, considerando a alienação de muitos pela política, a falta de acesso de outros à internet, as posições irredutíveis por motivos irracionais e até as posições conscientes dos que optam pelo jeito já testado do PSDB de governar(?!), existiram dois  aspectos fundamentais que contribuiram para fazer pender a balança.

1. A comparação entre os resultados obtidos pelos 8 anos de governo do PSDB, com igual período do governo do PT. A propósito, uma reportagem da Revista "Isto É", desde ontem na bancas (http://www.istoe.com.br/capa), deveria ser lida e depois guardada, por todos os leitores e eleitores lúcidos, que reconheçam que contra fatos não há argumentos.

2. É uma tremenda força de expressão afirmar, que face a extraordinária popularidade do presidente Lula, ele conseguiria eleger qualquer um que indicasse. Dilma Roussef pode demonstrar a que veio nas diversas oportunidades de enfrentamento com o seu adversário, e conquistou a confiança dos que passaram a conhecê-la melhor. Isso terminou acontecendo, apesar de todos os esforços do seu adversário, de desconstruir a sua imagem.

Por vezes a mim pareceu, que em lugar de entusiasmo pelo candidato Serra, muitos dos seus eleitores sentiam motivação maior em, derrotar Lula.

Quando alguns equivocadamente afirmavam não ver a diferença entre eleger Dilma ou Serra, ressaltavam ainda mais os seus preconceitos, além da incapacidade de enxergar as visões opostas das duas correntes políticas, que põem em jogo  o futuro do nosso pré-sal e da própria Petrobrás. 


É provável que mais uma vez, apesar das dificuldades criadas, o empenho da rede Globo, revista Veja, jornal Folha de São Paulo entre outros, não tenha sido capaz de alterar o resultado natural das urnas.


Sobretudo, vivemos uma perspectiva de campanhas cada vez mais democráticas, a medida que meios mais modernos de comunicação que utilizam a internet, rompem o monopólio da informação tradicional, comprometida com interesses de grandes grupos econômicos, tornando-se  tão poderosos quanto elas.


E finalmente não se pode deixar de considerar, que desta vez, o feitiço virou contra o feiticeiro, em alguns episódios que ficarão marcados na história dessa campanha:


A exploração da questão do aborto pelo candidato  Serra, veio a se contrapor, a descoberta de que a sua mulher Monica Serra, já o havia praticado.


Ao Caso Erenice, sob investigação, se contrapôs o caso Paulo (Preto) Souza, nunca investigado, e por cima de tudo defendido depois de uma tentativa de negativa de sequer conhecê-lo.


E para fechar com chave de ouro, a farsa da bolinha de papel, que além de fazer jus a adjetivação de enganador para candidato, ainda provocou uma crise interna na TV Globo, face a insatisfação dos seus próprios jornalistas com relação a tentativa da emissora de falsificar um vídeo, tornando a emenda pior do que o soneto.


Por último, parece ter ficado a lição de que é ineficaz o apelo à mentira, a sordidez, e a farsa. 


A teoria de evolução de Darwin nos levará ao dia no qual as campanhas serão éticas, para não começarem já derrotadas. 


Melhor usar a inteligência, a criatividade e o humor, do que o contrário.


Tenha pois um bom domingo, 
e que Deus nos livre de Serra!




terça-feira, 26 de outubro de 2010

Você é Indiferente às Privatizações?


A revista Newsweek de 18 de outubro, trás uma importante matéria sobre a privatização da água.

Há vinte anos que só faz aumentar o interesse de grandes grupos econômicos internacionais, na compra de fontes do líquido ainda mais precioso que o petróleo.

Isso acontece, quando se tem em conta que a cada 20 anos duplica o consumo de água na terra, e que considerando a população crescente e a poluição de muitas fontes, o problema só tende a se agravar.

A Organização das Nações Unidas prevê que no ano 2040, a demanda de água tenha superado em 30%, a capacidade de suprimento.

Companhias como a True Alaska Bottling e a S2C Global, tem feito elevados investimentos para a retirada, acondicionamento e transporte a longas distâncias de grandes quantidades "do produto".

A água que em épocas de abundância tem sido dada como tida, afinal é só abrir a torneira e ela flui a preços ainda  razoáveis, tende a tornar-se uma "commoditie", pela qual será preciso pagar um preço nem sempre accessível a todos. 

Os processos envolvidos na aquisição das fontes, os contratos de exploração, o seu acondicionamento em barris e transporte para o destino final, lembram muito a forma como se faz com relação ao óleo.

Também as ressalvas às privatizações em geral, são semelhantes. Os especialistas desconfiam da eficácia do mercado para controlar o equilíbrio entre a demanda e o consumo, e admite que em consequência das privatizações da água o seu preço aumentará.

Aumentará, do mesmo jeito que aumenta o preço da energia elétrica na privatização de empresas do setor, aumenta o petróleo para quem o privatiza, e qualquer outro bem que antes de domínio público, deixa de ser.

A grande novidade em relação a água, é que trata-se de um recurso natural que há mais de 2000 anos é de domínio público.

A tendência é de termos no futuro, um mundo que assim como acontece com o petróleo, estará dividido entre os que tem água, e os que não a tem. As consequências poderão ser igualmente trágicas, e  até acarretar novas guerras.

No caso da água, tem o agravante de não haver um substituto. De acordo com a articulista Jeneen Interlandi da Newsweek, "nem mesmo a Coca-Cola, substitui a água".

Como sabemos, um produto privatizado, e que tem a sua comercialização de acordo com leis do mercado, não é para os que façam o melhor apelo moral para tê-lo, e sim para os que puderem pagar mais por ele.

O Dr James Olson, advogado americano especialista em direitos sobre a água, diz: "Mercados não ligam para o meio ambiente (...) eles não ligam para os direitos humanos. Eles ligam para os lucros."

Diz-se que até recentemente, a privatização da água era um assunto pertinente apenas a America latina, onde na Bolivia, uma multinacional chamada Bechtel, na década de 90, terminou por deixar sem água milhares de Bolivianos que não tinham o dinheiro para pagar.

O problema só foi resolvido com a reestatização.

A reportagem da Newsweek mostra, que hoje, a privatização da água acontece até no Alaska, de onde a água de um lago em Sitka, tem sido transportada para a Índia.

Portanto, é fácil perceber que esse é mais um tipo de privatização, cujos candidatos a presidência do Brasil que dela forem a favor, precisarão negar durante a sua campanha eleitoral. Não se afirma que vai fazer, o que se sabe de antemão que será um malefício para aqueles a quem pretende representar.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

De Qual Lado Estão Aquelas Mesmas Forças?


Um dia, quando eu era um pouco mais jovem do que hoje, viajei de carro com o meu pai, que preferia que eu mesmo dirigisse.


Aconteceu que dei um cochilo, e o carro quase saiu da estrada.


Ele segurou o meu braço, e corrigiu em tempo o desvio.


Foi quando "voltando", eu disse sem nem pensar: não adormecí!

Naturalmente, foi uma tentativa de preservar no meu pai, a confiança que ele tinha em mim na direção.

Mas ali eu aprendi, que certas negativas podem ser a afirmação do oposto.

Hoje eu gostaria de relembrar, Lincoln Gordon.

Ele foi o embaixador americano no Brasil, de 1961 a 1966. Portanto, estava no cargo por ocasião do golpe militar de 1964. 


Ele tornou-se um caso deplorável, de como pode uma personalidade estrangeira, entrar para a história do Brasil.


Não só informava os seus chefes em Washington dos detalhes da nossa política interna, como sugeria ao seu governo que atitudes tomar em relação ao Brasil. Medidas intervencionistas que preservassem os interesses de hegêmonia do seu país, em detrimento dos nossos.

Aos 89 anos,  quando visitou o país pela última vez, afirmou o seguinte, durante uma  entrevista: 

"Os militares que assumiram a ditadura militar no Brasil, não recebiam ordem dos Estados Unidos".

Dito isso, passarei então às minhas opiniões de hoje.

O que muitos esquecem, nunca tiveram em conta, ou simplesmente nunca vivenciaram, são os bastidores de lutas intestinas, pautadas pelos interesses econômicos.

A orquestração que aconteceu no Brasil para a deposição do presidente João Goulart, eleito pelo voto popular em 1961, teve regência externa.

Na época, isso foi negado.

Hoje, há registros históricos que mais do que uma intervenção externa da CIA americana nos assuntos internos do Brasil, ela aconteceu nos demais países da América Latina, onde foi notório o caso do Chile, que culminou com o asassinato do presidente Allendre.

A propósito, o presidente João Goulart morreu no exílio, sob circunstâncias misteriosas que suscitam a possibilidade de que tenha sido assassinado, como também teria sido vítima de assassinato outro presidente civil do Brasil,  Juscelino Kubitschek.

Ambos teriam sido alvo dos militares radicais que fizeram parte do golpe militar de 1964, e que participaram da chamada operação Condor.

A operação Condor visava a partir de uma união entre ditadores latino americanos, a eliminação de determinadas lideranças, consideradas por eles perigosas.

O perigoso poderia ser você, dependendo das suas idéias.

Isso tudo me ocorre, quando estamos às vésperas de eleger o nosso presidente para o período de 2011 a 2014.


O ex-ministro da justiça Tarso Genro, e governador eleito pelo PT do Rio Grande do Sul, comentou recentemente em entrevista à imprensa, que sentia nessas eleições um clima de véspera do golpe militar de 1964.


Para quem ainda não tinha nascido, ou vivia tenra idade que não lhe permitiu saber como foi, eu diria que Tarso Genro tem razão.


A quase totalidade da imprensa, assim como continua sendo, também não informava. Deformava. Quem não lia os jornais, era desinformado, mas quem os lia era mal informado. Tal como agora!


Sob os seus auspícios, vieram para o palco os "religiosos". A sua representatividade, ficava a cargo de setores tais como Opus Dei, e a associação denominada Tradição, Família e (principalmente) Propriedade, a famingerada TFP. Fosse um bloco carnavalesco, e eu sugeriria batizar de: "Saudosos da Senzala".


Dos Estados Unidos, veio puxar uma procissão, um reverendo Irlandês chamado Patrick Peyton, pároco de Hollywood. Criaram um lema: "A familia que reza unida, permanece unida". 


Uniram-se então a eles, os ruralistas e segmentos sociais que certamente se identificariam hoje com os adeptos do frustrado "Cansei!" Formaram todos uma grande família, e não é que até hoje permanecem unidos!


Depois de inúmeras aparições na mídia, convocando para uma grande manifestação pública, aconteceu o que poderíamos chamar de uma "Diretas já" às avessas.


Qualquer um que naquele momento percebesse os interesses por trás da pantomima, era adjetivado de "comunista". Para quem não soubesse o que era um comunista, explicavam didaticamente: "eles comem criancinhas".


Mobilização da mídia, em torno de um objetivo. Apelo a religiosidade para sua utilização com fins específicos. Disseminação de mentiras para influenciar opiniões. E subjacente a isso tudo, o sempre presente interesse econômico externo. 


Para você, não estaria também muito claro, que 46 anos depois repetem-se as mesmas estratégias daquele passado nefasto?  


Além de tudo, nos dias atuais, tiveram à sua disposição a novidade da internet. Usaram-na como a um ventilador no qual jogam excrementos. 


Irrelevantes como país, nunca fomos!

Bastaria a magnitude territorial de um continente, para que naturalmente nos impuséssemos como potência emergente.

Além disso nos últimos anos, aos interesses de grandes grupos econômicos internacionais, veio a ser acrescentado o nosso pré-sal.


Não importa que devamos caminhar em direção da energia limpa. Isso já fazemos, através dos projetos que privilegiam o bio-diesel. O fato porém é que o mundo ainda não pode prescindir dos recursos energéticos originários das fontes de hidrocarbonetos.


Não fosse assim, os Estados Unidos que desenvolvem pesquisas avançadas na área da utilização de fontes de energia alternativas, não teria autorizado recentemente a volta da exploração de petróleo em sua plataforma marítima.

O dinheiro que virá da exploração do pré sal, poderá ser a redenção do país, sobretudo se a Petrobrás e o pré-sal, forem mantidas estatais.


Milhões de dólares poderão ser destinados para a educação, saúde, infraestrutura e outros setores que necessitam atenção.


É inegável o interesse das chamadas "Grandes Irmãs", tradicionais empresas petrolíferas multinacionais, na mudança dessa política que embora atenda aos interesses nacionais do Brasil, as deixa de fora de usufruir lucros cobiçáveis.

Elas querem ter aliados na presidência do Brasil, às políticas do seu interesse. Está em jogo sim, a privatização do pré-sal, e até mesmo da Petrobrás.


As forças que prepararam o golpe militar de 64, defendem sim a privatização do pré-sal e da Petrobrás. Há provas disso. Defendem também a idéia neo-liberal do estado mínimo, mesmo depois de o neo-liberalismo ter dado com os "burros n'agua". 


Lembre-se que certas negativas podem ser a afirmação do oposto.


Ainda bem que para nosso benefício, a preservação da Petrobrás como um patrimônio do povo brasileiro, ganhou força.


Durante os oito anos do atual governo, o prêço da nossa gasolina manteve-se estável, e o fato do governo ter podido utilizar a Petrobrás para alcançar resultados econômicos de interesse da  população, foi um dos fatores de estabilização da nossa economia.


O sucesso do governo Lula em limitar a uma "marolinha" os efeitos no Brasil da crise econômica mundial, deveu-se ao controle estatal da Petrobrás, além naturalmente de outras medidas como o incentivo ao mercado interno. 


A propósito, senadores como o Tasso Jereissati (Ceará) que previram um "tsunami" e ridicularizaram Lula por subestimar os efeitos da crise no Brasil, revelaram-se mais uma vez péssimas pitonisas, ao não anteverem que perderiam vergonhosamente as eleições, e consequentemente os seus lugares no senado.


Quanto ao Lula, por muitos combatido e odiado, ainda que por razões não racionais, o que é ainda pior, caminha para fazer daqui a nove dias, o seu sucessor.


Não são provas de que o Brasil está mesmo mudando? 


Concluindo eu diria que cada um ao escolher o seu candidato, deveria ter a consciência de que mais do que a escolha de uma pessoa, trata-se da escolha das forças que a apoiam. 


Gostaria que fatos históricos da natureza dos aqui expostos, pudessem ser do conhecimento - de preferência antes da eleição - principalmente daqueles que um pouco mais jovens do que eu, chegaram atrasados para viver os riscos da década de 60 no Brasil.




Quanto ao "padre de Hollywood": 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Patrick_Peyton


...e para maiores informações 
sobre a intervenção estrangeira 
no golpe militar de 1964, visite:
 http://fmauriciograbois.org.br/beta/cdm/revista.int.php?id_sessao=50&id_publicacao=132&id_indice=624



"Sinto nessas eleições
 um clima de véspera 
do golpe militar 
de 1964"

(Tarso Genro)

"Porque as águas estão calmas, 
não significa que não estão infestadas de jacarés"

         (Anônimo)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Marilena Chaui: Serra é Uma Ameaça à Democracia.

Após a exposição há dois dias, no portal Dilma13, de quatro "vídeos depoimentos" da filósofa Marilena Chaui, surgiu uma importante sugestão de internautas, com relação aos rumos da campanha.

Todos na linha do que um deles comentou (Ricardo - Campinas): "A campanha deveria colocar depoimentos de várias personalidades importantes como a Professora Marilena Chaui, Chalita etc, para demonstrar o apoio a Dilma! É importante mostrar que somos muitos e somos a maioria !!!!!"

Nos vídeos, a professora Chaui fala sobre: democracia, liberdade de imprensa, meio ambiente e sobre a candidata Dilma.

É provável face a grande mobilização pró-candidatura Dilma na internet, a qual a partir de agora só tende a aumentar, que a sugestão venha a ser acatada, o que saberemos a partir dos próximos Guias Eleitorais. 

Os vídeos a seguir são um tributo à inteligência.


Fique com o que diz a professora Marilena Chaui:







quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Para Onde Minha Racionalidade Na Análise Eleitoral Me Conduz.


Leonard Mlodinow, baseado na Teoria da Aleatoriedade, escreveu o interessante livro "O Andar do Bêbado".

Ele nos alerta para a influência do acaso nas nossas vidas, ao mostrar que entre as nossas ações e os seus resultados, há um grau muito maior de complexidade do que somos capazes de acreditar.

Isso dificulta a previsão dos resultados, como ficou demonstrado nos erros das pesquisas do primeiro turno.

Em matéria de futurologia, isso significa que podemos ir até o limite da nossa percepção, baseados nos fatores que acessamos consciente e até inconscientemente.

Isso jamais nos assegurará que estejamos certos, pela possibilidade de não estarmos considerando fatores importantes, capazes de influenciar decisivamente o resultado. 

Estamos todos sujeitos ao imponderável.

Collor de Mello, ao terminar o seu governo em Alagoas, deixou o estado falido e os alagoanos beirando um ataque de nervos. Exceto os usineiros. Não lhe era então possível sequer sair às ruas!

Em carreata pela beira mar de Maceió, pessoas cantavam uma musiquinha composta para a ocasião:

Vai mas vai de uma vez.
O inferno é pouco
Para o que você fez.

Na sequência, ele foi eleito presidente da República!

Presenciei dezenas de pessoas afirmarem que nele votariam, até mesmo depois de conhecerem o alerta de Associações Psicanalíticas para o fato de que ele tinha o perfil de um Sociopata.

Lula governou oito anos, e o seu índice de aprovação ao final do segundo mandato chegou a 82%, e somente 4% se dizem infelizes com o seu governo.

A contrapartida ao fenômeno Collor seria, do meu ponto de vista, o fenômeno de Lula ser reprovado, com média 8,2! Que escola tão rigorosa é essa? A de um país habituado a grandes presidentes?

Para onde caminhamos? Caminhamos para que isso aconteça?

Leonard Mlodinow não ousaria responder. 

A incerteza faz o governo e oposição viverem dias ansiosos e tensos. Está em jogo a política a ser aplicada na exploração do petróleo do pré-sal, e o sonho de, a médio prazo, o país se tornar livre da miséria e até da pobreza. 

Está em jogo a continuidade de políticas sociais que beneficiaram direta ou indiretamente todos os que votaram nesse primeiro turno, e não só os 47 milhões que reconheceram. Está em jogo a política desenvolvimentista que fará o país crescer 7% este ano.

Apesar de tudo, há quem se posicione de modo frio e distante, como se para si não fizesse muita diferença quem vier a ser o candidato eleito! Como é possível não fazer diferença, se o Brasil vai ser afetado? Cuidado! "Geralmente quem está muito tranquilo, é porque está mal informado".

Considero que a eleição de Collor foi uma grande injustiça para o brasileiro que nele não votou.

Considero que a não eleição de Dilma, seria uma grande injustiça para Lula, considerando os excelentes governos que ele fez, e nos quais ela teve participação importante.

A não eleição de Dilma, interromperia um período áureo do país, inclusive em relação à sua política externa, para voltar ao velho alinhamento de complexo colonial com os Estados Unidos, e de isolamento dos demais países da própria America Latina.

Sob muitos aspectos, seria o retorno do país às mãos de quem não o soube dirigir, quando lhe foi dada a oportunidade.

Concluindo, diria que deixando de lado a Teoria da Aleatoriedade, sigo tomando emprestado a tranquilidade dos mal informados, com relação ao que revelarão as urnas no próximo dia 31.

Apesar de todo esse frenesi arredor, aposto em uma vitória de Dilma Rousseff, por margem mais folgada do que se poderia no momento admitir, face ao clima reinante.

Basearia o meu otimismo nos seguintes pontos:

O clima momentâneo, já superado, de desânimo dos seus eleitores não decorreu de nenhum fracasso nas urnas no primeiro turno. Ela recebeu 47 milhões de votos! A decepção foi por não ter ganho já no primeiro turno e o que isso iria significar face à previsível odiosa campanha adversária.

Acredita-se que bastaria que as pessoas que ao votar erraram involuntariamente tivessem acertado, e ela teria tido os 3 milhões de votos mais 1, necessários para vencer já no primeiro turno.

A propósito, esse é um aspecto curioso para o qual a colunista Denise Rothenburg do Jornal Diário de Pernambuco alertou hoje na sua coluna "Nas Entrelinhas".

Ela lembra o seguinte: "Em 1998, quando o ex-governador Joaquim Roriz, então do PMDB, foi candidato contra o então governador Cristovam Buarque , à época do PT, houve uma avalanche de críticas às pesquisas que indicaram uma pequena vantagem de Roriz. Por aqueles dias, os analistas disseram que o eleitor de Roriz não soube votar e que, por isso, ele tinha chegado atrás de Cristovam ao segundo turno. Quando as urnas da segunda fase foram abertas, Roriz foi vencedor. Seu eleitor, então, sem ter que votar para deputado distrital, federal e senador, se sentiu mais seguro. Ele saltou de 39% dos votos válidos obtidos no primeiro turno para 51% no segundo. Cristovam que terminou aquele primeiro turno com 42% dos votos válidos, à frente de Joaquim Roriz, chegou a 48%. O número de brancos e nulos naquele segundo turno no DF foi bem menor, o que corroborou a tese dos analistas."

Pois bem, tivemos no primeiro turno em todo o país, 9,6 milhões de votos brancos e nulos. Ambos os partidos reconhecem que parte desse total não foi intencional, e sim porque o eleitor atrapalhou-se na hora de votar.

Admite-se que parte considerável desses votos, que no nordeste são 3 milhões e no norte do país são 1,3 milhões, são de eleitores fiéis ao presidente Lula, e deverão aumentar os votos de Dilma Rousseff. A favor desse raciocínio está o fato de que só em três estados nordestinos haverá segundo turno. E isso tem deixado os Tucanos "alarmados".

Além do mais, históricamente, o candidato Tucano teve no primeiro turno os seus tradicionais 32%. Claro que as tradições podem ser quebradas. Falta entretanto a novidade que iria proporcionar a súbita elevação desse patamar.

Lula em 2002 avançou eleitoralmente depois da aliança com José de Alencar e da carta aberta à população. Além disso era o candidato de oposição ao governo de um presidente tão desgastado, que até hoje não costuma aparecer ao lado do seu candidato, para não lhe tirar votos.

O candidato José Serra vem com as mesmas alianças de sempre, enfrentar a candidata de um governo extremamente bem avaliado. Não é inteligível pres supor que será desta vez que ocorrerá o salto tão desejado por ele e por seus eleitores.

Quanto aos votos de Marina Silva, outra vez, ainda que o PV apóie o Tucano e Marina mantenha-se neutra, na confirmação de que o que une as pessoas não são as idéias e sim os interesses, esse votos se repartirão.

Antes de se repartirem, porém, é preciso admitir o que dizem os analistas, que consideram ser da ordem de 5% os votos de Marina que seguramente irão para Dilma Rousseff.

Nesses 5% estão os votos dos que nela votaram conscientemente, e cuja afinidade política maior é com a candidata Dilma. Ou, se preferirem, cuja afinidade política menor é com José Serra. Isso é significativo, para quem está muito perto de alcançar o percentual de 50%.

E, finalmente, o que dizer da campanha difamatória através da internet? Dos e-mails "safadinhos, covardezinhos", do papel parcial da mídia, dos manifestos de bispos católicos e dos ministros protestantes contra Dilma? 

O mesmo que diria em relação ao papel da TFP, da Opus Dei, e outras aguerridas instituições. As correntes que assim procedem estão onde sempre estiveram, fazendo o que sempre fizeram.

Por trás de todos esses esforços desesperados estão, é claro, votos para Serra. Em todas eleições é assim! Serra teve 32 milhões de votos! Eles estão todos ali manifestados! Por sinal exercitando um direito de escolha de um Brasil democrático, pelo qual não lutaram. Pelo contrário.

Além disso, no interior das Igrejas católicas e protestantes ou evangélicas, existem MUITOS eleitores de Dilma Rousseff os quais nesse momento tentam um diálogo com aqueles que foram susceptíveis aos boatos e às maldades disseminadas através de internet. Isso poderá representar o retorno para a candidata Dilma de parte dos votos que no primeiro turno foram dados a Marina Silva.

Há contudo um indicador final que aponta para uma grande vitória de Dilma nesse segundo turno. O recado que veio das urnas, em todo o país, foi de apoio inegável ao governo Lula.

O povo o presenteou com a Câmara e o Senado dos seus sonhos. O PT tem agora uma bancada na Câmara maior do que a do PMDB. São 88 deputados do PT e 79 do PMDB. No Senado haverá, quando Dilma ganhar, 14 Senadores do PT e 20 do PMDB. 

O PT foi o partido que mais cresceu em número de representantes na Câmara e no Senado. Isso não está em contradição com a ferrenha campanha que se faz contra o PT por parte da mídia?

Enquanto isso, Senadores inimigos, por fazerem oposição tão odiosa e radical quanto os e-mail que hoje circulam na net, não conseguiram se eleger. Até o Marco Maciel em Pernambuco, que não seria o caso de considerar um desses, não se reelegeu. 

Ficaram de fora: Tasso Jereissate, Heráclito Fortes, Arthur Virgílio, Cesar Maia... Inimigos ferrenhos como Jarbas Vasconcellos, ex-governador de pernambuco, que não alcançou nem 15% de votos, contra 82% do seu adversário, Eduardo Campos.

Não acredito que isso tudo que foi expresso da vontade popular no primeiro turno, venha a ser desfeito logo mais, na votação de segundo turno. 

Como seria possível depois dessa  demonstração de vontade tão inequívoca, esses eleitores desejarem ter esses mesmos políticos nas urnas rejeitados, compondo um ministério de um hipotético governo Serra?

E quanto ao Leonard Mlodinow? O que diria ele sobre as minhas previsões?

Diria assim:

"Tudo acontecerá exatamente como você antecipou. Ou não!"
 
Diria, porém, Millor Fernandes que: "Pensar é livre pensar. É só pensar!"

O Sexto Sentido.

Uma Volta ao Mundo, Dançando!