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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

De Qual Lado Estão Aquelas Mesmas Forças?


Um dia, quando eu era um pouco mais jovem do que hoje, viajei de carro com o meu pai, que preferia que eu mesmo dirigisse.


Aconteceu que dei um cochilo, e o carro quase saiu da estrada.


Ele segurou o meu braço, e corrigiu em tempo o desvio.


Foi quando "voltando", eu disse sem nem pensar: não adormecí!

Naturalmente, foi uma tentativa de preservar no meu pai, a confiança que ele tinha em mim na direção.

Mas ali eu aprendi, que certas negativas podem ser a afirmação do oposto.

Hoje eu gostaria de relembrar, Lincoln Gordon.

Ele foi o embaixador americano no Brasil, de 1961 a 1966. Portanto, estava no cargo por ocasião do golpe militar de 1964. 


Ele tornou-se um caso deplorável, de como pode uma personalidade estrangeira, entrar para a história do Brasil.


Não só informava os seus chefes em Washington dos detalhes da nossa política interna, como sugeria ao seu governo que atitudes tomar em relação ao Brasil. Medidas intervencionistas que preservassem os interesses de hegêmonia do seu país, em detrimento dos nossos.

Aos 89 anos,  quando visitou o país pela última vez, afirmou o seguinte, durante uma  entrevista: 

"Os militares que assumiram a ditadura militar no Brasil, não recebiam ordem dos Estados Unidos".

Dito isso, passarei então às minhas opiniões de hoje.

O que muitos esquecem, nunca tiveram em conta, ou simplesmente nunca vivenciaram, são os bastidores de lutas intestinas, pautadas pelos interesses econômicos.

A orquestração que aconteceu no Brasil para a deposição do presidente João Goulart, eleito pelo voto popular em 1961, teve regência externa.

Na época, isso foi negado.

Hoje, há registros históricos que mais do que uma intervenção externa da CIA americana nos assuntos internos do Brasil, ela aconteceu nos demais países da América Latina, onde foi notório o caso do Chile, que culminou com o asassinato do presidente Allendre.

A propósito, o presidente João Goulart morreu no exílio, sob circunstâncias misteriosas que suscitam a possibilidade de que tenha sido assassinado, como também teria sido vítima de assassinato outro presidente civil do Brasil,  Juscelino Kubitschek.

Ambos teriam sido alvo dos militares radicais que fizeram parte do golpe militar de 1964, e que participaram da chamada operação Condor.

A operação Condor visava a partir de uma união entre ditadores latino americanos, a eliminação de determinadas lideranças, consideradas por eles perigosas.

O perigoso poderia ser você, dependendo das suas idéias.

Isso tudo me ocorre, quando estamos às vésperas de eleger o nosso presidente para o período de 2011 a 2014.


O ex-ministro da justiça Tarso Genro, e governador eleito pelo PT do Rio Grande do Sul, comentou recentemente em entrevista à imprensa, que sentia nessas eleições um clima de véspera do golpe militar de 1964.


Para quem ainda não tinha nascido, ou vivia tenra idade que não lhe permitiu saber como foi, eu diria que Tarso Genro tem razão.


A quase totalidade da imprensa, assim como continua sendo, também não informava. Deformava. Quem não lia os jornais, era desinformado, mas quem os lia era mal informado. Tal como agora!


Sob os seus auspícios, vieram para o palco os "religiosos". A sua representatividade, ficava a cargo de setores tais como Opus Dei, e a associação denominada Tradição, Família e (principalmente) Propriedade, a famingerada TFP. Fosse um bloco carnavalesco, e eu sugeriria batizar de: "Saudosos da Senzala".


Dos Estados Unidos, veio puxar uma procissão, um reverendo Irlandês chamado Patrick Peyton, pároco de Hollywood. Criaram um lema: "A familia que reza unida, permanece unida". 


Uniram-se então a eles, os ruralistas e segmentos sociais que certamente se identificariam hoje com os adeptos do frustrado "Cansei!" Formaram todos uma grande família, e não é que até hoje permanecem unidos!


Depois de inúmeras aparições na mídia, convocando para uma grande manifestação pública, aconteceu o que poderíamos chamar de uma "Diretas já" às avessas.


Qualquer um que naquele momento percebesse os interesses por trás da pantomima, era adjetivado de "comunista". Para quem não soubesse o que era um comunista, explicavam didaticamente: "eles comem criancinhas".


Mobilização da mídia, em torno de um objetivo. Apelo a religiosidade para sua utilização com fins específicos. Disseminação de mentiras para influenciar opiniões. E subjacente a isso tudo, o sempre presente interesse econômico externo. 


Para você, não estaria também muito claro, que 46 anos depois repetem-se as mesmas estratégias daquele passado nefasto?  


Além de tudo, nos dias atuais, tiveram à sua disposição a novidade da internet. Usaram-na como a um ventilador no qual jogam excrementos. 


Irrelevantes como país, nunca fomos!

Bastaria a magnitude territorial de um continente, para que naturalmente nos impuséssemos como potência emergente.

Além disso nos últimos anos, aos interesses de grandes grupos econômicos internacionais, veio a ser acrescentado o nosso pré-sal.


Não importa que devamos caminhar em direção da energia limpa. Isso já fazemos, através dos projetos que privilegiam o bio-diesel. O fato porém é que o mundo ainda não pode prescindir dos recursos energéticos originários das fontes de hidrocarbonetos.


Não fosse assim, os Estados Unidos que desenvolvem pesquisas avançadas na área da utilização de fontes de energia alternativas, não teria autorizado recentemente a volta da exploração de petróleo em sua plataforma marítima.

O dinheiro que virá da exploração do pré sal, poderá ser a redenção do país, sobretudo se a Petrobrás e o pré-sal, forem mantidas estatais.


Milhões de dólares poderão ser destinados para a educação, saúde, infraestrutura e outros setores que necessitam atenção.


É inegável o interesse das chamadas "Grandes Irmãs", tradicionais empresas petrolíferas multinacionais, na mudança dessa política que embora atenda aos interesses nacionais do Brasil, as deixa de fora de usufruir lucros cobiçáveis.

Elas querem ter aliados na presidência do Brasil, às políticas do seu interesse. Está em jogo sim, a privatização do pré-sal, e até mesmo da Petrobrás.


As forças que prepararam o golpe militar de 64, defendem sim a privatização do pré-sal e da Petrobrás. Há provas disso. Defendem também a idéia neo-liberal do estado mínimo, mesmo depois de o neo-liberalismo ter dado com os "burros n'agua". 


Lembre-se que certas negativas podem ser a afirmação do oposto.


Ainda bem que para nosso benefício, a preservação da Petrobrás como um patrimônio do povo brasileiro, ganhou força.


Durante os oito anos do atual governo, o prêço da nossa gasolina manteve-se estável, e o fato do governo ter podido utilizar a Petrobrás para alcançar resultados econômicos de interesse da  população, foi um dos fatores de estabilização da nossa economia.


O sucesso do governo Lula em limitar a uma "marolinha" os efeitos no Brasil da crise econômica mundial, deveu-se ao controle estatal da Petrobrás, além naturalmente de outras medidas como o incentivo ao mercado interno. 


A propósito, senadores como o Tasso Jereissati (Ceará) que previram um "tsunami" e ridicularizaram Lula por subestimar os efeitos da crise no Brasil, revelaram-se mais uma vez péssimas pitonisas, ao não anteverem que perderiam vergonhosamente as eleições, e consequentemente os seus lugares no senado.


Quanto ao Lula, por muitos combatido e odiado, ainda que por razões não racionais, o que é ainda pior, caminha para fazer daqui a nove dias, o seu sucessor.


Não são provas de que o Brasil está mesmo mudando? 


Concluindo eu diria que cada um ao escolher o seu candidato, deveria ter a consciência de que mais do que a escolha de uma pessoa, trata-se da escolha das forças que a apoiam. 


Gostaria que fatos históricos da natureza dos aqui expostos, pudessem ser do conhecimento - de preferência antes da eleição - principalmente daqueles que um pouco mais jovens do que eu, chegaram atrasados para viver os riscos da década de 60 no Brasil.




Quanto ao "padre de Hollywood": 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Patrick_Peyton


...e para maiores informações 
sobre a intervenção estrangeira 
no golpe militar de 1964, visite:
 http://fmauriciograbois.org.br/beta/cdm/revista.int.php?id_sessao=50&id_publicacao=132&id_indice=624



"Sinto nessas eleições
 um clima de véspera 
do golpe militar 
de 1964"

(Tarso Genro)

"Porque as águas estão calmas, 
não significa que não estão infestadas de jacarés"

         (Anônimo)

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