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quinta-feira, 23 de abril de 2009

"A Mulher do Lula."

Dilma acena aos jornalistas ao chegar ao Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília

Sobrenome: Rousseff; nome: Dilma; idade: 61 anos. Você não a conhece? Mas ouvirá falar dela, cada vez mais, até o fim de 2010, quando acontecerá a eleição presidencial no Brasil.Há quatro anos ela detém o segundo cargo político mais importante do país: chefe da Casa Civil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma espécie de primeiro-ministro não oficial. É uma função exaustiva ("Um Paris-Dacar a cada dia", ela diz), mas discreta, longe dos holofotes que se focam em Lula.
Uma discrição relativa, que já deveria ser tratada quase no passado. Pois Dilma, como muitos de seus compatriotas a chamam - evitemos "Dilminha", uma familiaridade que ela não aprecia muito - está se tornando a estrela política do Brasil.
E isso, por uma razão muito importante. O presidente Lula, a quem a Constituição proíbe de disputar um terceiro mandato de quatro anos, a escolheu como sua princesa herdeira. A menos que aconteça algo inesperado, ela será a candidata em 2010 pelo Partido dos Trabalhadores (PT), fundado por Lula em 1980, e no poder graças a ele desde 2002. Imaginemos que Dilma seja eleita: uma mulher, pela primeira vez presidente, oito anos após a eleição de um operário. Seria matar dois coelhos com uma cajadada só, e bom para a imagem da democracia brasileira.

Lula não possui herdeiro natural em um partido que ele domina com sua forte personalidade. A escolha de Dilma se impôs a ele aos poucos. É uma aposta segura. A futura candidata está na política desde sempre, e como! Ela é filha de um advogado comunista de origem búlgara. Esse intelectual bon vivant lhe transmitiu o gosto pela leitura e pelos cigarros. Ela tinha 15 anos quando ele morreu.

O golpe de Estado pelos militares em 1964 levou essa estudante idealista e determinada para o militantismo radical. Ela se juntou a uma organização que pregava a luta armada, casou com outro militante, de quem logo se divorciou, passou a estudar economia e mergulhou na clandestinidade após o endurecimento da ditadura no fim de 1968. Ela admirava Jean-Paul Sartre, os guerrilheiros vietnamitas e Fidel Castro. O encontro com um "velho" comunista de 31 anos, Carlos Araújo, que se tornaria seu segundo marido, a envolveu um pouco mais no combate.

Ela adotou nomes falsos, dos quais sua ficha de polícia ainda tem registro: Luiza, Estella, Marina. Aprendeu a manejar um fuzil, a fabricar explosivos ao mesmo tempo em que pregava a prioridade do trabalho político, da "luta de massa" sobre a ação militar. Ela não participou diretamente de nenhuma operação armada, mas esteve estreitamente associada à mais famosa delas: o roubo, no Rio de Janeiro em 1969, de US$ 2,5 milhões do cofre da amante de um ex-governador. Quando a polícia a deteve, em janeiro de 1970 em São Paulo, ela tinha uma arma em seu poder.

"Você não pode imaginar a quantidade de segredos que pode sair de um ser humano que é maltratado", ela confessou recentemente. Será que ela se referia a ela mesma? As testemunhas de então se lembram que, depois de sua detenção, ela enfrentou com coragem 22 dias de torturas. Ela só saiu da prisão quase quatro anos mais tarde: "Tive tempo suficiente para aprender a tricotar e fazer crochê".

Sua juventude agitada não causou nenhum arrependimento na ex-guerrilheira: "Nós éramos ingênuos e generosos. Queríamos salvar o mundo". Ela certamente mudou sua visão e seus métodos: "Aprendi a importância da democracia. Mas tenho orgulho de não ter mudado de lado".

Ela teve uma filha, Paula, se divorciou novamente em 2000, e no meio tempo teve uma brilhante carreira político-administrativa, especialmente como secretária de Minas e Energia em Porto Alegre, a maior cidade do Sul do país. Lula, a cujo partido ela filiou-se tardiamente, lhe ofereceu o mesmo posto em nível federal antes de lhe confiar em 2005 a "Casa Civil", onde ela rapidamente adquiriu a reputação de uma "dama de ferro".

Seus trunfos? A inteligência, a força de trabalho, as qualidades como administradora. Seu defeito? Ela nunca passou pela prova das urnas. Sob aconselhamento e auxílio de Lula, seu principal defensor, Dilma Rousseff tenta se tornar conhecida. Ela põe "o pé no barro", como se diz aqui. Há vários meses ela está em formação pré-eleitoral acelerada. Ela acompanha com frequência o presidente em suas atividades oficiais, divide os palanques com ele, cede entrevistas à imprensa. Várias vozes do PT se puseram à sua disposição para tecer uma teia nacional.

Apesar da imensa popularidade de seu principal defensor, sua vitória em 2010 não é garantida. Ela terá como provável adversário um homem de peso, José Serra, governador de São Paulo e ex-rival de Lula nas urnas, derrotado em 2002.

Como é de se esperar no Brasil, paraíso da cirurgia estética, Dilma já mudou de visual. Alguns golpes estratégicos de bisturi rejuvenesceram e suavizaram seus traços. Ela perdeu 10 kg, adotou um penteado mais moderno e mais ruivo, substituiu seus óculos de míope por lentes de contato. Ela cuida de sua maquiagem, sorri com mais frequência e usa palavras mais simples em público.

O "produto" Dilma logo estará pronto para venda. Lula lhe deixou de herança seu velho slogan de campanha, que já se ouve nos comícios do PT: "Brasil! Urgente! Dilma presidente!"


Fonte: Le Mnde - Jean-Pierre Langellier, 23/04/2009.

Tradução: Tradução: Lana Lim.




terça-feira, 14 de abril de 2009

Ainda Sobre Reconhecimento Público e Internacional.

Perguntaram ao escritor Luís Fernando Veríssimo, qual a sua opinião sobre o presidente Lula.

A resposta foi séria, verdadeira e ao mesmo tempo divertida. 

Ele disse que achava o governo Lula simplesmente decepcionante. 

Afinal, ele conseguira decepcionar ao mesmo tempo "a esquerda e a direita". 

Decepcionou a esquerda, porque não fez o que ela mais desejava.

De fato, não promoveu "o calote da dívida", as reestatizações, nem nacionalização de empresas extrangeiras, e nem sequer trombou de frente com a mídia parcial, que pode continuar como principal instrumento político da oposição (TV Globo, Folha de São Paulo, Revista Veja etc...).

Poderíamos acrescentar aos descontentamentos dos ditos esquerdistas, além das alianças que precisou fazer para governar, a posição oficial do governo em defesa de pretensos direitos do Comandante Ustra, o torturador mór da ditadura militar que o próprio Lula combateu; além da liberação apenas parcial e muito cautelosa, dos arquivos ainda secretos que contam escabrosas histórias daquele período de repressões. 

Por outro lado, segundo Fernando Veríssimo, Lula também conseguiu decepcionar a direita. 

Os direitistas, apostaram na falta de capacidade de Lula para governar. Acreditavam em um impeachment logo nos primeiros anos de seu governo. Ele nada conseguiria fazer, por falta de apoio no congresso e ainda daria vexames ao representar muito mal o país, no âmbito internacional. Nada disso porém aconteceu, e eu diria que para muitos foi não só decepcionante, como frustrante, o que até hoje a muitos deprime.

Lembro de uma amiga, que rendida à primeira eleição de Lula em 2002, comentou: "Serão 4 anos para a gente se envergonhar, mas também se divertir com o ridículo das gafes de um cara desses ao representar o país."

Relembo agora da frase acima, desculpando-me com os meus ouvidos pelas asneiras que involuntáriamente tenho permitido que aquí e alí eles escutem. Ao mesmo tempo nada mais justo foi recompensá-los ouvindo o que disse o presidente Barack Obama, sobre aquele mesmo cara, durante o recente encontro do G20, em Londres. 

Em seguida aos calorosos e elogiosos cumprimentos de Barack Obama, o primeiro ministro australiano acrescenta: O político mais popular do mundo, e com o mais longo mandato.

Se você ainda não viu e é dos que conseguem ver, é só clicar no título acima, para além do vídeo,  ler os comentários do escritor e jornalista Marcelo Carneiro da Cunha.

Fonte: Terra Magazine.

Marcelo Carneiro da Cunha é escritor e jornalista. Escreveu o argumento do curta-metragem "O Branco", premiado em Berlim e outros importantes festivais. Entre outros, publicou o livro de contos "Simples" e o romance "O Nosso Juiz", pela editora Record. Acaba de escrever o romance "Depois do Sexo", que foi publicado em junho pela Record. Dois longas-metragens estão sendo produzidos a partir de seus romances "Insônia" e "Antes que o Mundo Acabe".

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Quem está doente: Adriano ou os outros?


Que sociedade é esta que, quando alguém diz que não estava feliz no meio de tanto treino, tanta pressão, tanta grana, tanta viagem, que prefere voltar à favela onde nasceu e cresceu, compra cerveja e hambúrguer para todo mundo, fica empinando pipa – se considera que está psiquicamente doente e tem que procurar um psiquiatra? Estará doente ele ou os deslumbrados no meio da grana, das mulheres, das drogas, da publicidade, da imprensa, da venda da imagem? Quem precisa mais de apoio psiquiátrico: o Adriano ou o Ronaldinho Gaucho?

O normal é ter, consumir, se apropriar de bens, vender sua imagem como mercadoria, se deslumbrar com a riqueza, a fama, odiar e hostilizar suas origens, se desvincular do Brasil. Esses parecem “normais”. Anormal é alguém renunciar a um contrato milionário com um tipo italiano, primeiro colocado no campeonato de lá.

Normal é ser membro de alguma igreja esquisita, cujo casal de pastores principais foram presos por desvio de fundos. Normal é casar virgem, ser careta, evangélico, bem comportado, responder a todas as solicitações e assinar todos os contratos. Normal é receber uma proposta milionária de um clube inglês dirigida por um sheik, ficar pensando um bom tempo, depois resolver não aceitar e ser elogiado por ter preferido seu clube, quando antes ele ficou avaliando, com a calculadora na mão, se valia a pena trocar um contrato milionário por outro.

Considera-se desequilibrado mental quem recusa um contrato milionário, para viver com bermuda, camiseta e sandália havaiana. Falou à imprensa de todo o mundo, disposta a confissões espetaculares sobre o que havia feito nos três dias em que esteve supostamente desaparecido – quando a imprensa não sabe onde está alguém, está “desaparecido”, chegou-se até a dizer que Adriano teria morrido -, buscando pressioná-lo para que confessasse que era alcoólatra e/ou dependente de drogas, encontrar mulheres espetaculares na jogada.

Falou como ser humano, que singelamente tem a coragem de renunciar às milionárias cifras, eventualmente até pagar multar pela sua ruptura, dizer que “vai dar um tempo”, que não era feliz no que estava fazendo, que reencontrou essa felicidade na favela da sua infância, no meio dos seus amigos e da sua família.

Este comportamento deveria ser considerado humano, normal, equilibrado. Mas numa sociedade em que “não se rasga dinheiro”, em que a fama e a grana são os objetivos máximos a ser alcançados, quem está doente: Adriano ou essa sociedade? Quem ter que ser curada? Quem é normal, quem está feliz?

Fonte: Blog do Emir Sader.


Mahmoud Ahmadinejad.


"Achei surpreendente que Obama tenha dado um valor tão alto para a civilização iraniana, nossa história e cultura. Também é positivo o fato de ele ter enfatizado o respeito mútuo e as interações honestas como base para a cooperação. 
Em uma parte de seu discurso, ele diz que uma nação no mundo não depende apenas de armas e força militar, foi exatamente isso o que dissemos para os governos americanos anteriores. O grande erro de George W. Bush foi que ele queria resolver todos os problemas militarmente. 
Já se foram os dias em que um país podia enviar ordens para outros povos. Hoje, a humanidade precisa de cultura, ideias e lógica"

Fonte: Der Spiegel -Entrevista com o presidente iraniano - http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/derspiegel/2009/04/12/ult2682u1133.jhtm

quinta-feira, 2 de abril de 2009

As Voltas Que o Mundo Dá.


Lula e os culpados

"Na foto oficial, Lula estava sentado ao lado da rainha Elizabeth 2ª", admirou-se Fátima Bernardes, ontem na Globo. Ao lado da rainha e entre o americano Barack Obama e o britânico Gordon Brown. Todos, menos a rainha, sorrindo à solta.

Mas antes, na coletiva de Obama e Brown, Nick Robinson, da BBC, perguntou sobre a culpa de EUA e Reino Unido pela crise.

Brown respondeu remetendo a Lula. "Ele me disse: 'Quando líder dos sindicatos, eu culpava o governo; quando virei líder da oposição, eu culpava o governo; quando virei governo, culpei a Europa e a América'." Na descrição do "NYT", "laughter", risos. Foi a vingança dos olhos azuis".

De sua parte, Obama respondeu remetendo a "um professor que eu tinha na faculdade de direito, que dizia: 'Alguns são culpados, mas todos são responsáveis'." Não identificou o professor.

Já o francês Nicholas Sarkozy, ao longo do dia no destaque da Reuters Brasil, "afirma ter 'Identidade de ponto de vista total' com Lula".

Já postando de Londres, Rodrigo Alvares, do blog A Nova Corja, focou o "dia de Fórum Social Mundial no G20", com o ataque ao banco RBS.

Links para a íntegra da coluna "Toda Mídia" de hoje, no Blog http://todamidia.folha.blog.uol.com.br/arch2009-03-29_2009-04-04.html#2009_04-02_11_58_28-10987816-0 

Fonte: Blog da coluna "Toda Mídia" (assinantes Folha e UOL), de segunda a sexta, pela manhã, escrito pelo jornalista Nelson de Sá.

O Sexto Sentido.

Uma Volta ao Mundo, Dançando!