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quarta-feira, 30 de março de 2011

ZÉ ALENCAR, A DIGNIDADE VENCEU O PRECONCEITO.


Bandeira a meio mastro na Esplanada dos Ministérios em Brasilia.


Em junho de 2002, quando o preconceito contra o candidato Lula e o ódio a seu partido, o PT, eram inoculados dioturnamente na opinião pública pelas trombetas da orquestra midiático-tucana, um empresário rico, bem-sucedido, aceitou transformar-se em antídoto ao veneno difamatório. 

Tornou-se vice na chapa do operário metalúrgico. Filho de Muriaé,  (MG), dono do maior complexo têxtil do país, a Coteminas, o então senador José Alencar, o Zé, como Lula passou a chamá-lo carinhosamente, sabia muito bem o que estava fazendo. 

A voz grave e pausada de quem conhece o manejo criterioso da pontuação oral  tornou-se aos poucos portadora de mensagens que muitos de seus pares, majoritariamente engajados então na candidatura de José Serra, estremeciam só de ouvir. 

Em parte, a esquerda petista também se surpreendeu; aos poucos, trocaria o preconceito pelo respeito afetuoso. "Nacionalismo não é xenofobia, é interesse pelo próprio  país", disparava em entrevista ao site da campanha "Lula Presidente", em julho de 2002. 

Podemos abdicar de nossas fronteiras econômicas?, questionava na mesma ocasião indagando sobre  a ALCA, agenda prestigiosa então, majoritariamente defendida pelo conservadorismo pró-Serra. 

"Mas e as fronteiras políticas?" argüia mineiramente "Vamos ter um só Presidente da República no mundo globalizado? Será que ele vai defender nossos interesses? Uma só moeda? Quem vai controlá-la? Uma só política monetária? Sabemos que não é assim", respondia então com o mesmo sorriso maroto que arrematava as interrogações provocativas. 

"Se não é assim continuamos a existir como país. Não podemos abdicar de nossas fronteiras e obrigações políticas". 

Por essas e por outras, Lula, na passagem para o segundo turno em outubro de 2002, num debate com delegações estrangeiras, brincou: " Às vezes eu preciso lembrar o Zé que é para ele ficar a minha direita, não a minha esquerda". José Alencar faleceu nesta 3º feira, em SP, aos 79 anos. 

(Carta Maior; 4º feira, 30/03/2011)

sexta-feira, 11 de março de 2011

Pernambuco Hoje.

Estaleiro Atlântico Sul em Suape.


Ao visitar o fértil vale do Cariri do Ceará durante o carnaval, me chamou atenção o desenvolvimento daquela região, e em particular, o do município de Juazeiro do Norte. 

Ao longo dos 5 km iniciais da estrada duplicada de 11 km que interliga esta cidade a cidade do Crato, há agora, em ambas as margens, imensos estabelecimentos comerciais. 

Agências de automóveis da Honda, Nissan, Mitsubishi, Toyota, Volkswagen (mais de uma) e Chevrolet, além de agências de motos de diferentes fabricantes, agências de tratores, lojas de móveis e um imenso "Atacadão" - pertencente ao grupo Carrefour.

O faturamento deste estabelecimento Atacadão, ultrapassou os R$ 3 500 000,00 por dia, tornando-o o segundo em vendas no país, atrás apenas de São Paulo.

Fiquei surpreso em saber que existe no Juazeiro, 300 fábricas de sapatos, sendo que 100 delas possuem estrutura de média para cima.

O fenômeno se afigura de fato nacional, e aponta na direção de que o país de fato vive um momento promissor no tocante ao seu desenvolvimento econômico.

Resolvi então postar algo sobre o que acontece em termos de desenvolvimento econômico aqui em Pernambuco.


Foi quando tomei conhecimento da matéria abaixo do jornalista da Folha de São Paulo Agnaldo Brito, que enviado pelo seu Jornal a SUAPE, em Pernambuco, relatou sobre o atual desenvolvimento econômico deste estado.

Ele revela o que está acontecendo na região nordeste como um todo, o que poderá possibilitar a longo prazo, numa considerável redução das desigualdades com as regiões mais ricas do país, pois o desenvolvimento do nordeste já está em curso e portanto já se tornou uma realidade.

Matéria da FOLHA DE SAO PAULO.
Por Agnaldo Brito
Enviado especial a SUAPE (PE)
Pernambuco vive sua revolução industrial.


O helicóptero decola do heliporto do Centro Administrativo de Suape. A 200 metros do chão, é possível ter a dimensão da revolução econômica que a injeção de R$ 46 bilhões em investimentos públicos e privados previstos até 2014 está promovendo em Pernambuco, a nova locomotiva do Nordeste.

Não é o único canto do Estado que avança ligeiro e que tem mudado não só a vida dos 8,7 milhões de pernambucanos, mas sobretudo permitido a volta dos retirantes que um dia caíram no mundo atrás de uma vida melhor.

No interior, duas obras gigantes (a transposição do rio São Francisco e a construção da Ferrovia Transnordestina) ajudam a desenhar uma nova paisagem na vida do morador do agreste e do sertão.

LITORAL

No litoral, onde pode-se observar a síntese da nova dinâmica econômica, o complexo industrial-portuário de Suape, erguido a 40 quilômetros ao sul do Recife, brota a velocidade impressionante.

"Cento e vinte empresas já estão instaladas, outras 30 estão em construção e mais 20 irão surgir até 2014", enumera Frederico Amâncio, vice-presidente de Suape. 

Do alto é possível avistar obras em todos os cantos dos 13,5 mil hectares do complexo.
Justo ali, onde há 380 anos invasores holandeses que acharam de tomar uma fatia do Brasil colônia indicaram como ponto mais propício à criação de um porto.

E foi nessa região, após romperem pequena porção da parede dos arrecifes que protege o litoral do Atlântico, que os holandeses criaram uma passagem para que os barcos de açúcar alcançassem os navios em alto-mar.

A visão dos invasores ganhou forma quase quatro séculos depois. Investimentos de mais de US$ 3 bilhões nos últimos dez anos criaram a infraestrutura básica para o atual ciclo de expansão do porto de Suape, e converteram a região no principal polo de atração de negócios do Nordeste brasileiro.

A APOSTA PRIVADA.

Agora, o PIB pernambucano demonstra vigor e o combustível é Suape. Em 2010, o PIB estadual foi de R$ 87 bilhões _expansão de 15,78% num só ano. Os velhos engenhos de cana e as usinas de açúcar e álcool pouco a pouco deixam de ser predominantes na matriz econômica de Pernambuco.

A aposta do poder público em Suape ao longo de 40 anos desde o plano original de 1960 começou a seduzir o capital privado. O complexo industrial-portuário, um modelo inédito no Brasil, está fazendo surgir um novo Estado industrial no país.

"Não tínhamos indústria de petróleo e gás, nem indústria naval ou automobilística. Agora há uma nova perspectiva para o Estado", diz Geraldo Júlio, presidente de Suape e secretário de Desenvolvimento Econômico.

ACIMA DO NORDESTE.

A forte expansão econômica elevou a renda per capita do Estado a quase R$ 10 mil, acima da média do Nordeste, de R$ 7.488, mas ainda inferior à renda nacional, de R$ 15.990.

A criminalidade caiu 25% em quatro anos, mas ainda é de 40 homicídios por 100 mil habitantes, quatro vezes mais que no Estado de São Paulo, e superior à média nacional, de 24,5 por 100 mil.




Investimento público cresce 2,5 vezes em 4 anos.

Os investimentos públicos do Estado de Pernambuco cresceram 2,5 vezes nos últimos quatro anos.

A expansão do gasto público, com forte apoio do governo federal, é parte da explicação do impressionante crescimento pernambucano.

No quadriênio de 2003 a 2006, o governo local investiu em média R$ 680 milhões em obras de infraestrutura. No período de 2007 a 2010, o governo estadual conseguiu elevar esses aportes à média de R$ 1,7 bilhão de investimentos ao ano.

Só no ano passado, o Estado autorizou gastos de R$ 2,7 bilhões.

Pernambuco tem recorrido a financiamentos para sustentar essa expansão, mas afirma que isso não tem elevado o nível de endividamento. A explicação está na elevação das receitas correntes.

"A redução de custeio e o aumento da arrecadação de ICMS fizeram o endividamento do Estado cair de 82% para 63% da receita corrente líquida", diz Geraldo Júlio, secretário de Desenvolvimento de Pernambuco.

Hoje, a receita total de Pernambuco é de R$ 14 bilhões, impulsionada pela arrecadação de ICMS que cresceu 18,2% em 2010.

EFEITO POLÍTICO.

Essa gestão tem dado resultado eleitorais. A força do governador Eduardo Campos (PSB) pôde ser medida na eleição do ano passado. Campos foi reeleito em primeiro turno com uma votação inédita no país: 82,8% dos votos válidos, um recorde.

Setor privado forma polos industriais.


A expansão industrial de Pernambuco deve entrar agora na segunda fase: a atração de fornecedores dos projetos-âncoras.



Um dos maiores empreendimentos no Estado, o EAS (Estaleiro Atlântico Sul) negocia a instalação, em Suape, de fornecedores de equipamentos para a montagem de navios-plataforma e navios-sonda usados na perfuração de campos de petróleo.

"Alguns grandes fornecedores internacionais já vieram aqui para observar se o polo naval oferece escala de produção.

Acho que, em breve, vamos ver alguns desses fornecedores chegando", diz José Roberto de Moraes, diretor de operações da empresa.

O EAS, associação entre a Queiroz Galvão, a Camargo Corrêa, a PJMR e a sul-coreana Samsung, conseguiu uma carteira que vale hoje US$ 8,1 bilhões.

São 22 navios-petroleiros, sete navios-sonda e o casco da P-55 (plataforma que irá operar no campo de Roncador, na bacia de Campos, no Rio), um pacote todo atrelado aos pedidos de uma só empresa, a Petrobras.

Para o EAS, atrair fornecedores para ampliar o polo naval de Suape pode ajudar o próprio estaleiro a melhorar a performance de construção das embarcações. O plano do estaleiro é reduzir o tempo em que um casco de navio permanece no dique seco.

Hoje, eles demoram até seis meses na instalação. O plano é reduzir o tempo para dois meses. Para isso, o estaleiro terá de montar navios a partir de megablocos. O primeiro petroleiro, o João Cândido (em fase de acabamento), foi montado a partir da junção de 240 blocos.

O Zumbi dos Palmares, atualmente em montagem, será construído a partir de 150 blocos. O terceiro, ainda não batizado, será feito com 30 blocos gigantes, cada um montado fora do dique. A meta do estaleiro é montar um petroleiro unindo apenas 22 partes.

DE VENTO EM POPA.

Se as perspectivas para atração de fornecedores do estaleiro são boas, as chances de a Impsa (Indústrias Metalúrgicas Pescarmona) criar o primeiro grande cluster em Suape são maiores ainda. A companhia argentina entrou no negócio de energia eólica há cinco anos. A atividade já responde por 60% das receitas.

O sucesso nos leilões de energia eólica no Brasil garantiu à companhia uma carteira de pedidos de R$ 3 bilhões em aerogeradores.

"A empresa está instalada em Suape há dois anos e já negocia a vinda de pelo menos dois produtores de torres para os aerogeradores e duas empresas de pás (as hélices do gerador)", diz o gerente comercial da empresa, Paulo Ferreira.

Distante cerca de três quilômetros da Impsa, a Petrobras monta uma mega refinaria que terá capacidade de processar 250 mil barris de petróleo por dia. Ao lado da refinaria também é construída uma petroquímica.

A estatal não quis falar sobre o projeto, mas a expectativa em Pernambuco é que a produção de matérias-primas petroquímicas viabilize um polo têxtil na região, com indústrias para fabricação da fibra, do tecido e, quem sabe, confecções.

Outra promessa é a formação de um novo polo automotivo no Nordeste, com a instalação da Fiat até 2014, segundo previsão da própria montadora.

A unidade terá capacidade para 200 mil veículos e a previsão é a de que, por isso, constitua um novo parque de autopeças.


'Pagamos até passagem aérea para candidato a vaga'.


Preencher vagas anda mais e mais difícil para as empresas instaladas no Complexo Industrial-Portuário de Suape. Uma guerra entre as empresas corre solta na região. A busca por profissionais é tamanha que há empresa oferecendo até passagem aérea só para trazer um candidato a vaga.

"Não há mais cordialidade entre os departamentos de recursos humanos. Estamos vivendo uma guerra por profissionais. Pagamos até passagem aérea para trazer um candidato a vaga para uma entrevista", diz Clóvis Gomes, 44, gerente de RH da Impsa.

A empresa busca 178 funcionários para a fábrica de turbinas hidrelétricas, uma nova unidade que será construída em Suape para montar as turbinas da usina Belo Monte, no rio Xingu (PA).

A Impsa não é a única empresa com problemas. O EAS (Estaleiro Atlântico Sul) precisa contratar 1.200 pessoas até junho.

Essa oferta abundante de vagas reduziu o desemprego na RMR (Região Metropolitana do Recife) nos últimos anos.

O nível de desemprego medido pelo IBGE caiu de 14,3% em dezembro de 2006 para 8,1% em dezembro do ano passado.

O ritmo da geração de novas vagas acelerou-se em 2010, ano em que só a construção civil cresceu 25%.

CARTEIRA ASSINADA.

Apenas em 2010, o Estado de Pernambuco criou 113 mil empregos com carteira assinada, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

Entre esses empregos está o de Camila Ribeiro, 31. Formada em filosofia pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), ela é uma das três mulheres que ingressaram na área operacional do Terminal de Contêineres em Suape.
Ela pilota um equipamento de US$ 1,6 milhão.

José Maria de França, 38. Sem emprego, França foi trabalhar em Manaus. O novo ciclo econômico da terra natal o fez retornar para o Recife. Técnico mecânico, ele trabalha na unidade de produção de aerogeradores em Suape. A fábrica da argentina Impsa conquistou o mercado de energia eólico e é o hoje o principal fornecedor desse tipo de equipamento no país. 

"Nada como voltar para casa e principalmente trabalhar na minha profissão", conta 
Izaque José dos Santos, 33. Sertanejo de Gameleira (PE) --cidade distante 100 quilômetros do Recife--, Santos começou a cortar cana aos sete anos. Na entressafra, limpava pés de coco. A chegada do Estaleiro Atlântico Sul mudou sua vida. Como ajudante da área de suprimento de materiais, Santos passou a dirigir um caminhão, virou encarregado e hoje é supervisor de logística do almoxarifado do maior estaleiro do Brasil.



Eduardo Calheiros, 33. Formado em engenharia mecânica pela Universidade Federal de Pernambuco, Calheiros viveu em São Paulo de 2002 a 2008. Especializou-se em engenharia aeronáutica durante o tempo em que trabalhou na Embraer. O surgimento de um novo parque industrial em Suape o levou de volta a Pernambuco. Agora, Calheiros não projeta partes de aviões, mas partes de um novo aerogerador desenvolvido no país.

Mário Azevedo, 41. Natural de Garanhuns, interior de Pernambuco, Azevedo foi longe antes de voltar. Ele viveu nove anos no Japão, onde se especializou em solda de navios. Quando soube da criação do Estaleiro Atlântico Sul, em Suape, previu o retorno com a família. "A saudade era grande demais", diz. Conseguiu trabalhar em seu ofício na sua terra natal.

Daniela Leão, 36 anos. Há quatro anos no terminal de contêineres, a recifense Daniela é mais um exemplo de que o ambiente portuário está deixando de ser um espaço exclusivo para homens. Formada em administração de empresas e com especialização em logística, Daniela cuida da divisão comercial do terminal. É ela a responsável por negociar os contratos com os grandes clientes.

Ezequiel Francisco Xavier, 29. Ajudante de cozinha do refeitório do canteiro de obras da Refinaria Abreu e Lima, Xavier foi durante anos um jovem homem do mangue, um catador de caranguejo. Extrovertido com seus pares, gosta de contar histórias do cotidiano do Engenho Massangana, localidade onde viveu o então infanto Joaquim Nabuco. A maior diversão é catar caranguejo para aperitivar uma boa cachaça. Há quatro meses ganhou o primeiro registro na carteira profissional.

Parece ficção! Não?
No entanto essa é a nossa nova realidade!


O Sexto Sentido.

Uma Volta ao Mundo, Dançando!