Ricardo Kotscho foi secretário de imprensa do governo Lula, entre 2003 e 2004. Ele é certamente muito indicado para opinar sobre a atual briga entre governo e mídia. E isso é o que ele faz, na entrevista que concedeu a BBC Brasil. Você talvez queira conhecê-la na íntegra, o que poderá fazer acessando o link sob o título acima.
Na sua opinião, os donos da comunicação e os seus jornalistas, não admitem que Lula tenha sido eleito, reeleito, e, agora esteja fazendo um sucessor. Ricardo Kotscho diz que "...você não sabe onde termina o Jornal Nacional e onde começa a campanha de Serra".
Comenta também que "nunca tivemos tanta liberdade como temos hoje. Essa liberdade está sendo abusada e mal usada". Entretanto, ele acha que Lula não deveria atacar a imprensa, sendo nesse caso, preferível que assumisse a postura que adotou durante todo o seu governo.
A propósito, no último debate presidencial, realizado na TV Record, a candidata Dilma Roussef, quando lhe foi dada a oportunidade de comentar sobre o assunto, evitou de criticar a mídia.
Expressou-se de modo que achei muito parecido com o que fizera o presidente Juscelino Kubitschek, durante o seu governo. Naquela ocasião, enfrentava oposição ferrenha da imprensa, e, incitado a reagir, preferiu, digamos, "fazer olhar de paisagem".
A postura de Dilma Roussef é compreensível, já que se eleita, as dificuldades do seu governo no enfrentamento com a mídia poderiam ser ainda maiores, e caberá a ela e não ao presidente Lula, essa tarefa.
Aproveito a pertinência da questão, para recomendar o excelente trabalho recentemente lançado em dois volumes: "No Planalto com a Imprensa". Organizado por André Singer, Mário Hélio Gomes, Carlos Villanova e Jorge Duarte, os livros foram publicados pela Editora Massangana da Fundação Joaquim Nabuco de Recife.
Reúnem entrevistas com ex-secretários de imprensa e porta vozes dos governos da república, de 1958 (J.K.) até 2005 (Lula). Deles também fazem parte as entrevistas relativas aos 25 anos do regime militar.
Somente 10 dos ex-secretários e/ou porta vozes, não foram entrevistados. Oito, porque já haviam morrido por ocasião da elaboração das entrevistas. Dois outros, porque se recusaram a dar as entrevistas: o general José Maria de Toledo Camargo, "no comando da área entre 1977 e 1978", no governo Ernesto Geisel, e Ana Tavares de Miranda, secretária de imprensa do governo Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2002.
Assim como ler sobre a história da realeza em países monarquistas termina nos levando a conhecer não só sobre a monarquia daquele país, como também sobre a sua história política, o mesmo acontece através desses livros, que ao revelar a imprensa no Brasil, muito nos contam sobre a sua história política.
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