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domingo, 19 de abril de 2015

Crescer e Acreditar - Ato IV (4/4)



Para concluir, escolhi contar um fato de natureza pessoal, para mim tão marcante que seria inesquecível. 

Era final de ano letivo, e eu estava às voltas com os últimos exames, sendo a disciplina da vez o francês. 

O professor desta matéria chamava-se Andrelino, e era muito exigente! Mas a exigência era um traço comum aos nossos professores, ao qual já estávamos acostumados. 

Andrelino apreciava os alunos mais estudiosos na mesma medida em que era carrasco com aqueles que negligenciavam os estudos.

Era magrinho, baixinho, menor até do que muitos dos meninos seus alunos. Costumava repreender quem fazia algo errado, dizendo: não faça isso, você é um bom menino! Daí veio o seu apelido: Andrelino bom menino.

A prova final de francês impunha aprender a conjugação de 42  verbos. Sim! Quarenta e dois!

Havia uma prova escrita, e depois a prova oral, e esta baseava-se exclusivamente na conjugação de verbos.

A prova oral ocorria na presença de toda a turma. Cada aluno aguardava a sua vez, e quando chamado ia à frente e sorteava o próprio ponto.

Tão logo do globo metálico caía a bolinha numerada, a entregávamos ao professor Andrelino, que verificava em uma relação a que verbos aquele ponto sorteado correspondia.  A cada ponto correspondiam dois verbos.

Talvez por botar alguma fé na prova escrita que já fizera, o fato é que dos 42 verbos eu havia estudado apenas 2: os verbos "croître" e "croire", cujos significados são "crescer" e "acreditar". 

Talvez, para mim, "crescer" estivesse a significar crescer em confiança na sorte, na qual pretendi "acreditar".


O fato é que, convidado a sortear o ponto, o número que tirei correspondeu exatamente a esses dois únicos verbos que eu aprendera, e muito bem. Era aquilo a que se poderia chamar de "saber de cor e salteado".

Senti uma repentina mudança do estado de tensão para alívio, e seguiu-se um contentamento que precisei controlar, para não virar uma alegria incontida.

A segurança, porém, essa sim era adequado demonstrar. Esbanjei então segurança. Conjugaria esses dois verbos como se fosse um francês. Talvez, nem todos os franceses!

O professor Andrelino me levou de um tempo verbal para outro, do jeito que bem quis e entendeu. Até pareceu, a partir de quando percebeu que eu tudo sabia, querer perguntar ainda mais, só para me dar a oportunidade de me exibir.

Quando finalmente se deu por satisfeito, abriu a caderneta, e concedeu-me a nota máxima. Tirei dez! E o professor Andrelino pareceu empolgado. 

Dirigindo-se à turma, ele disse: e então? Vocês viram? Ele mereceu a nota dez! 

Fez uma pausa, e acrescentou: Viram agora o que é estudar?

No Nóbrega, aprendi grandes lições. Até mesmo aprendi que nem tudo que parece, É!

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