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quinta-feira, 24 de abril de 2008

Quanta Corrupção!

Famoso advogado de São Paulo, Dr Ricardo Tosto.

Basta estar atento ao que acontece no mundo, para aprender que a corrupção é mesmo uma atividade humana das mais presentes em todas as sociedades, pois são muitos os que a acham atrativa. Ela acena com a possibilidade de que o corrupto jamais será descoberto, e assim em termos objetivos, só traria benefícios. A não participação em certas operações ilegais, pode até em alguns casos, vir a comprometer o futuro de quem dela não participar. Além do mais, a consciência de um corrupto é aplacada pela admissão de que “todos fazem” e ainda que “se eu não fizer alguém fará em seu lugar”. A corrupção termina por envolver pessoas acima da suspeita de muitos dos seus pares, das instituições e da sociedade em geral. De repente imagino que alguém antes probo, um dia olha arredor e sente-se cercado por uma tribo especial. Gente com limites alargados pela frouxidão moral, e uma visão tão imoral quanto pessoal de futuro. Elas sentem-se confortáveis executando atos inomináveis, e acham-se mais espertos do que os pobres coitados dos honestos. Além de tudo isso, os corruptos são em geral pessoas extremamente sociáveis, agradáveis e envolventes. Cada vez mais trazem para as suas esferas, iniciantes ainda claudicantes, mas que em breve exibirão uma desavergonhada desenvoltura. Penso que eles se tornam “corruptos seniores”, quando uma vez presos já nem escondem a cara, e são capazes de se deixar fotografar exibindo as algemas. Embora o objetivo da corrupção possa ser aquisição de poder, ela normalmente passa pela obtenção ilícita de vantagens financeiras. A separação entre enriquecer o seu partido político ou enriquecer-se é tão tênue e igualmente ilegal, que quase deixou de existir nas mentes sem mais lugar para ingenuidades. Embora muito se fale sobre a corrupção da classe política, uma estrutura social corrupta termina por levar empresários a corromperem-se, para que suas empresas continuem existindo. Funcionários cujos salários são aviltados, apesar da importância das suas responsabilidades, tornam-se vulneráveis à aceitação de vantagens, e ampliam o campo da discussão a respeito das verdadeiras causas da corrupção. Os jovens iniciando-se na vida profissional, são chocados por uma realidade cruel. Logo se deparam com a injustiça revelada na comparação do seu salário honesto com o valor das propinas que as empresas pagam àqueles a quem suborna.
O país atualmente considerado como um dos mais corruptos do mundo, é a Hungria! Imagine que 97% dos seus cidadãos quando perguntados se já haviam subornado um guarda de trânsito, responderam que sim. Os outros 3%, dizem os próprios Húngaros, que mentiram.
Sabe-se também que na Alemanha, só recentemente grandes empresas deixaram de fazer provisão orçamentária destinada a subornos nas suas relações comerciais com empresas de outros países, em especial os países em desenvolvimento.
Grandes escândalos de corrupção, acontecem onde menos esperamos e reafirmam a sua condição inerente à natureza humana. Ela ocorre no berço do capitalismo como foi o escândalo financeiro da Enron há sete anos, nos Estados Unidos. Acontecem no berço do “comunismo”, a exemplo do desvio de bilhões de dólares por Chen Liangyu, alto membro do PC Chinês, em Pequim. Ela ocorre até na austera Alemanha, onde veio a tona o atualíssimo escândalo de desvio de fundos da UNICEF, no seu escritório em Colônia. Não é possível ainda saber o desfecho do último desses casos, pois a sua investigação está apenas começando. O escândalo da Enron porém, resultou na condenação do Presidente do Grupo, Kenneth Lay ao pagamento de U$ 26 000 000.00 e ao cumprimento de 24 anos de prisão. Funcionários de menor escalão, foram condenados ao pagamento de multas milionárias e penas de 7 a 10 anos de prisão por apenas um dos muitos crimes de que foram acusados. O Presidente Kenneth Lay, só não cumpre a pena, porque em julho de 2006, morreu horas depois de sofrer um enfarte. Quanto ao caso Chinês, Chen Liangyu, ex-líder do Partido Comunista Chinês , acusado de desviar 4,8 bilhões de dollares, foi condenado a 18 anos de prisão. Outros 20 funcionários e empresários já haviam sido condenados.
Quando um corrupto é finalmente descoberto, acontece que em alguns países, poucos serão os incovenientes. Eles consistem em ser fotografado entrando em um camburão e até passando algumas horas detido em alguma delegacia policial. Depois disso, já poderá voltar as mesmas atividades. Sendo político, continuará reelegível e encontrará quem o reeleja. Isso em nosso país, já tornou-se tão comum que é desafortunadamente considerado natural. Recentemente no Brasil, foram presos um punhado de prefeitos e até um Juiz. Antes de que se desse conta, já estavam TODOS soltos! Até um dos prefeitos, que o foi por último, pois deu um pouquinho mais de trabalho para soltar. Ele também portava arma privativa do exército. Em um universo de mais de 5000 prefeitos, é tentador para os desonestos, ficarem com a lei das probabilidades. Se apanhado, primeiro a liberdade. Depois, o esquecimento dos seus crimes. A equação probabilística aqui também os favorece.
Por isso tornou-se inevitável que falando-se sobre a corrupção, seja mencionada a questão da impunidade. A diferença entre os países onde a corrupção acontece e aqueles onde ela grassa, está no maior ou menor rigor da punição.
Em países como o nosso, deveríamos admitir que para começar, o ideal seria através de uma operação “mãos limpas”. Afinal, foi assim que se fez na Itália, um país de um povo também latino. Naturalmente, antes seria preciso alcançar o ponto do clamor das massas. Se para tal for preciso que ainda mais casos de corrupção aconteçam, certamente a nossa perspectiva é favorável. Contaremos com o “patriotismo” de quem justificará sua corrupção como o meio de contribuir para que alcancemos logo esse limite que tornaria inevitável essa desejada operação. Afinal, corrupção e descaramento são irmãos siamêses.
Por fim poderá ser finalmente extraditado, o Banqueiro Cacciola. Não é possível esquecer, que após ser condenado a 13 anos de prisão, encontrou quem lhe concedesse um Habea Corpus, do que aproveitou para fugir. Não parece ser dos mais fortes o seu anjo da guarda, ao permitir que ele escolhesse o Principado de Mônaco, para passar um fim de semana. O que acontecerá em seguida à sua extradição? Cumprirá a pena? Ou daqui a pouco estará outra vez na Itália? Eu preferiria não ter a mínima idéia.
Fonte (Folha On Line):

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