Apenas mais um Blog.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Receita Para Repetir Lula.


Fenômeno político e eleitoral em um país desacostumado ao sucesso governamental, os brasileiros em geral não podem desconsiderar um fato extraordinário: o seu presidente da República após quase oito anos de mandato, exibe índices invejáveis de aprovação.

Setenta e seis por cento (76%) aprovam o seu governo.

Oitenta e cinco (85%) aprovam Lula do ponto de vista pessoal.

No futuro outro político poderá repeti-lo e até ultrapassá-lo.

Entretanto para que os índices possam ser equiparáveis, alguns requisitos deverão ser obedecidos. O principal deles é ter a mesma oposição ferrenha da mídia sob a qual Lula elegeu-se e governou.

Ocorreu-me de sugerir uma "Receita" para quem quiser repetir Lula:

Estabilizar a economia e fazê-la voltar a crescer.

Manter controle sobre a inflação e aumentar o valor de compra dos salários.

Acabar com a vulnerabilidade e a dependência do País.

Acabar com a famigerada busca de favores internacionais e a chamada "ciranda desesperada" de novos empréstimos para pagar os antigos.

Criar um programa de transferência de renda que proteja 68 milhões de pobres, aproximadamente um terço da população.

Através de políticas sociais transferir R$ 33 bilhões por ano, aos menos favorecidos.

Retirar 20 milhões de pessoas da pobreza absoluta e incorporar a essas mais 11 milhões de pobres, e inserir esses 31 milhões no consumo de bens e de serviços.

Criar 14 milhões de novos empregos com carteira assinada nos oito anos de governo.

Aumentar o salário mínimo em sete anos, 64,9% em termos reais.

Fazer crescer a massa salarial do significativo valor de 20%, nesse mesmo período.

Construir um mercado interno de consumo com a inserção social de mais familias.

Fortalecer o BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal tornando-os a força motriz  do crédito no país.

Tornar o volume de crédito do BNDES da ordem de US$ 100 bilhões, maior do que o do Banco Mundial.

Fazer com que o Banco do Brasil em apenas um ano, empreste mais do que todos os bancos do país (inclusive ele próprio) sete anos atrás.

Aumentar o volume de empréstimos da Caixa Econômica Federal para fins de habitação, de um valor de R$ 7,9 bilhões, registrado há seis anos, para US$ 47 bilhões hoje.

Através de um programa de financiamento chamado "Minha Casa Minha Vida", para assalariados acima de três salários mínimos, promover a construção em andamento de 800 000 casas - Construção de casas também para as classes sociais de menor rendimento.

E, para que os opositores não falem em gastança e em elevação da dívida pública, manter decrescente ao longo de todo o governo a relação entre a dívida pública e o PIB.

Melhor ainda será conseguir que, ao final do segundo mandato, a relação entre a dívida pública e o PIB seja inferior à do governo que o antecedeu. No final do governo FHC, 57,5%, e no final do próprio governo, 41,7%.

Reduzir, sem privatizações e sem a criação de novos impostos, a taxa de juros básicos de 27,5% para  10,75%.

Aumentar o superávit comercial, que no final do governo anterior era de US$ 60,4 bilhões, para US$197,7 bilhões (em 7 anos). Um aumento de 228%.

Quanto à dívida externa, que era de 32,7% do PIB no final do governo anterior, reduzi-la para menos 1,8% ( - 1,8%). Um pouco mais do que zerá-la.

Passar de grande devedor para credor internacional. Acumular reservas da ordem de US$ 240 bilhões para, em caso de uma grande crise internacional, poder administrá-la com segurança, se possível reduzindo à uma "marolinha" o que no passado seria um tsunami.

Emprestar US$ 14 bilhões ao FMI.

Alcançar o grau de investimento na avaliação das principais agências de risco.

Fortalecer e ampliar o Mercosul.

Ter papel protagonista na criação do chamado grupo dos 20 (G20).

Na política externa, levar o país a um novo patamar de reconhecimento com o patrocínio dos jogos Pan Americanos, Copa do Mundo de 2012 e Jogos Olímpicos de 2016.

No setor agropecuário, bater todos os recordes históricos de produção e tornar o país o que mais aumentou a sua produção de excedentes exportáveis de alimentos de toda a economia mundial.

Em termos numéricos, na agropecuária alcançar resultados assim: no final do governo anterior o Brasil exportava US$ 24,8 bilhões, no final do próprio governo US$ 71,8 bilhões, tornando-se assim o terceiro maior exportador mundial de alimentos e matérias primas agrícolas, atrás somente dos Estados Unidos e da União Européia.

Para os assentamentos da reforma agrária, aumentar de  US$ 2,1 bilhões (destinados no último ano do governo anterior) para US$ 15 bilhões (destinados no último ano do próprio governo).

Tornar a Petrobrás a terceira maior empresa do setor petrolífero mundial, elevando o seu valor de mercado de US$ 14 bilhões para US$ 208 bilhões.

Não recuar diante dos que pretendam que sejam privatizados ou enfraquecidos o BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Juntamente com a política de fortalecimento da Petrobrás, as medidas terminam por proporcionar condições de gerenciamento competente das consequências da crise financeira internacional.

Recuperar a indústria de construção naval do país, para gerar empregos aqui em lugar de gerar empregos na Ásia, onde antes eram encomendados os navios.

Ao Sistema Único de Saúde (SUS) incorporar novos programas, como o programa de atendimento odontológico Brasil Sorridente, serviços de ambulância e UTIs móveis, as Farmácias Populares, que oferecem remédios baratos de uso contínuo, e as Unidades de Pronto Atendimento, que buscam suprir as graves deficiências do atendimento das especialidades.

Ampliar de 3 mil equipes para 30,7 mil equipes no Programa Saúde da Família.

Fazer avançar os atendimentos na área da saúde, apesar da perda de uma das suas maiores fontes de financiamento, a CPMF, criada e extinta pelos seus opositores, para criar embaraços ao governo. A CPMF respondia por 85% dos recursos para atendimentos de média complexidade na rede hospitalar pública.

Na área da educação, ampliar a rede de Escolas Técnicas Federais que eram apenas 140 em 2002 e chegarão a 354 no final de 2010. 

Na área do ensino universitário, expandir a rede de Instituições Federais de ensino Superior e fazer uma grande ampliação de vagas. 

Criar um programa de impacto, como o ProUni, que ofereceu 731 mil bolsas de estudo na rede privada de ensino superior.

Implantar laboratórios de informática nas escolas, e iniciar a construção de uma rede de banda larga em todas as escolas urbanas do país.

Batalhar pela aprovação pela camara dos deputados, de projeto de implantação de banda larga, aquisição de equipamentos e treinamento de professores e produção de material didático digitalizado, para os 49 milhões de alunos da rede pública rural e urbana.

Criar o programa PC conectado para avançar na inclusão digital através da desoneração dos equipamentos, e criação de linhas favorecidas de financiamento popular, diminuindo o contrabando e massificando o uso legal dos equipamentos, com vendas que superem 1 milhão de computadores por mês. 

Na Previdência Social, fazer uma reforma que elimine privilégios e distorções. Beneficiar-se do crescimento das receitas decorrentes do aumento da quantidade de trabalhadores no sistema formal de mercado, promovendo recadastramentos e combate às fraudes.

Lançar o programa denominado Simples Nacional para contribuir para formalizar e diminuir os encargos das micros e pequenas empresas.

Criar um programa Microempreendedor Individual, para estimular a formação do mercado não regulado, especialmente prestadores de serviços, que são mais de 10 milhões de pessoas.

Melhorar o desempenho dos fundos de Previdência Complementar Fechada, que protegem 2,6 milhões de trabalhadores contribuintes. Elevar os ativos de R$ 189,4 bilhões há oito anos, para R$ 500 bilhões oito anos depois. (Esse fundo é uma poupança interna estratégica do país, um poderoso mecanismo de distribuição de renda e proteção previdenciária complementar para os trabalhadores assalariados.)

Lançar um programa denominado PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que signifique a retomada do planejamento estratégico do Estado. Um programa que representa a coordenação e acompanhamento dos investimentos públicos, o aprimoramento da parceria com o setor privado, e a implementação de projetos estruturantes com grande impacto regional, como a transposição do Rio São Francisco, as rodovias Norte - Sul e Transnordestina, novos estaleiros, refinarias e grandes usinas hidroelétricas, como Belo Monte e Jirau. 

Criar para as obras do PAC, um sistema de monitoramento especial, com transparência e prestação de contas periódica.

Permitir a mais completa liberdade de crítica ao governo por parte dos setores de comunicação, contrariando os que pensaram que poderia haver uma ofensiva autoritária da parte do governo. Ao longo de todo o governo, considerar como parte do amadurecimento democrático, a posição duramente oposicionista da imprensa.

Manter do início ao final o caráter democrático do governo, governando com transparência administrativa, fortalecendo a indepêndencia dos poderes, sem procurar estabelecer uma ligação direta entre o mandatário e o povo, característica de algumas democracias populistas latino-americanas.

Não cair na tentação de mais um mandato, como ocorreu com FHC, mesmo que a sua reeleição seja mais que provável face ao seu elevado indice de aprovação.

Tornar evidente a falsidade das acusações de "Ameaças à Democracia", provenientes de setores que sempre viram os avanços políticos e sociais populares como uma marcha do populismo autoritário. (Aqueles que diziam que os comunistas comiam criancinhas).

Combater os que através de manobras políticas despudoradas tentam promover a desestabilização institucional para culminar com golpes de estado, como já aconteceu no passado. 

No setor ambiental, reduzir drasticamente o desmatamento na amazônia e liderar internacionalmente a geração de energia limpa.

Fazer um grande esforço para fortalecer as instituições que lutam contra desvios e corrupção, como a Polícia Federal, o Ministério Público, a Procurdoria Geral da República e a Controladoria Geral da União.

Incentivar o combate à corrução ainda que o Ministério Público ao cumprir o seu papel de oferecimento de denúncias juntamente com a publicidade dada a esses procedimentos pela imprensa, possa gerar uma falsa impressão de que tenha aumentado a corrução. 

Proporcionar avanços na transparência do setor público, inclusive mediante o uso da internet.

Acabar com o passado dos "Engavetadores da República", de modo a que ao contrário de governos anteriores, possam funcionar livremente as CPIs, mesmo as que não tendo foco definido, sirvam apenas para ataque político eleitoral ao governo.

Quebrar a longa história de impunidade das elites. A prisão de 1 758 funcionários públicos e 94 agentes da Polícia Federal, são uma boa indicação de mudanças para melhor no combate à corrução. Principalmente se considerarmos que o governo é capaz de ao contrário do que acontecia antes, proporcionar a investigação de banqueiros ( o sogro do candidato a vice de Serra, Salvador Cacciola, está preso - extraditado da Itália para onde fugiu beneficiado por um certo juiz do Supremo), empresários, governadores, ministros, prefeitos, juízes e parlamentares, o que as vezes foi feito até com excessos.

A "Receita" prosseguiria, se não fosse tão longa, ao ponto de terminar por tornar-se ainda mais cansativa. Afinal isso aqui é apenas um Blog. Para concluir há contudo ainda duas coisas que conviria a alguém que quisesse alcançar pelo menos os mesmos indices de aprovação de Lula, ao final de seu segundo mandato:

Ser escolhido o Estadista Global de 2009, pelo Foro Econômico de Davos, ser reconhecido publicamente por Barack Obama que disse "Esse é o cara", e despedir-se do cargo após ter provado que é possível sonhar e construir o futuro sem atropelos. Afinal, de acordo com organismos financeiros internacionais, o Brasil poderá ser, em 2016, a quinta maior potência econômica do mundo. E para isso MUITO se deve ao governo atual. Contra fatos não há argumentos.

Por último, na minha opinião pessoal, o fato de Lula ter origem pobre e humilde, ter nascido no interior de um estado nordestino, ter sido com a sua família um retirante, não ter tido a oportunidade de fazer nenhum curso de nível superior, apesar dos seus erros de português e de ser monoglota (por sinal igual a muitos da nossa elite que reclamam do fato dele só falar português),  e principalmente pela sua fidelidade às suas origens (diz ele: "Sei de onde vim e sei para onde vou voltar"), é que Lula resgatou a auto-confiança da maioria dos trabalhadores desse país, de um modo só perceptível aos que tendo sensibilidade, aproveitem a oportunidade de viajar pelo Brasil, para in loco constatar. 

 No futuro, ainda que alguém o repita, não poderá fazer juz ao que disse o escritor Ciro Pellicano: 

"É a primeira vez que um trabalhador braçal chega a presidência da República - e uma das raras vezes em que chega um trabalhador".

:-)))

Obs 1: 
Por isso que muitos dos e-mails agressivos contra o Lula, que circulam
      democráticamente na internet, 
devem tem origem em autores que não
      marcaram presença ao lado dos que, 
quando necessário, 
defenderam
      o direito de livre expressão.
      E pelo seu conteúdo, porque infundados, os vejo como fruto do
      preconceito.
      O preconceito que, como dizia Bukowsky, 
é o analfabetismo da alma.

:-))))

Obs 2:
Em lugar do titulo acima "Receita Para Repetir Lula",
eu poderia ter escolhido "Minha Declaração de Voto".

2 comentários:

Unknown disse...

Sem falar que ainda vamos ter uma olimpiada e um Copa!!!! Esse foi o governo lula!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.

O Sexto Sentido.

Uma Volta ao Mundo, Dançando!