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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A Última Postagem.




Hoje é 20 de dezembro de 2012, véspera do grande apocalipse.

Aproxima-se finalmente de acordo com a profecia Maia, o dia final!

A mídia já resolveu que não irá cobrir o espetáculo.

Não adianta fazer a reportagem se não vai mesmo ter quem assista!

Porém os que gostaram da ideia da destruição total, e que por meses a fio alardearam o fim do mundo, já desconversam e fazem até um certo "olhar de paisagem".

Estariam ensaiando novas interpretações que justificariam um adiamento?

Não conseguem contudo esconder um certo desapontamento porque ainda teremos sim um futuro.

Está adiado o prazer mórbido de participarmos juntos do afundamento desse imenso Titanic.

...E o pior, é que a cada vez que falham as suas previsões, e nessa previsão em particular nunca acertaram, menos crédito eles tem para afirmarem as suas crenças em geral!

Crenças religiosas, econômicas. políticas, sociais...

Observei que as pessoas amanheceram hoje, não dando a mínima para o que seria um dia tão singular: o penúltimo dos dias!

Não seria a véspera do caos um dia mais interessante do que a hora H?

Levado a sério, terminaria sendo o verdadeiro dia, da confraternização Universal: "Valeu"! Diriam uns aos outros..."; "Que pena não poder continuar mais um pouco..."; "Até que não está tão bom! Mas eu ainda tinha tantas esperanças!"; "Que coisa cara! Logo agora que estava ficando tudo tão legal!". 

Jamais as pessoas que acreditassem ser este o último dos dias, usariam ainda que fosse só a manhã, para fazer o que os vi fazendo. Definitivamente, eles não compartilharam nem um tiquinho dessa crença final.

Motoristas nervosos, do mar de carros agoniavam-se atrasados. As buzinas, como em um dia "normal" pareciam cada vez mais absurdas. Os rapazes no sinal vermelho continuavam trocando mil acrobacias por uns pouquíssimos trocados. E chegando ao Parque da Jaqueira, ali estavam todos os não sedentários de sempre. 

Principalmente este comparecimento em massa ao Parque da Jaqueira, em um dia desses, me pareceu o sinal inequívoco da descrença geral na crença do fim do mundo.

Afinal, não faz muito tempo, escutei o seguinte diálogo entre dois caminhantes, já bastante cansados, depois de completarem várias voltas arredor da pista:   

- O que farias se soubestes que o mundo iria acabar daqui a um mês?

- Eu pararia de imediato de caminhar na Jaqueira.

Para concluir eu diria que guardo uma sensação de que o mundo parece ter esgotado a sua capacidade de assustar seus habitantes. Milhões de anos de evolução prepararam o ser humano para enfrentar até mesmo a desistência do próprio mundo em abrigá-lo.

Fiel a suas convicções materialistas, ainda que de um ponto de vista científico admita que possa um dia descobrir que estava errado, o grande pensador ateu Michael Shermer, teria algo a dizer, antes de partir.

O texto que abaixo transcrevo, está em seu livro "Cérebro e Crença":

Diz Michael Sherman:

"De qualquer modo, se existe uma vida após a morte e um Deus que nela reside, aqui está minha defesa:

Senhor, fiz o melhor que pude com as ferramentas que me deste. Deste-me um cérebro para pensar com ceticismo, e eu usei. Deste-me a capacidade de raciocínio, e eu apliquei a todas as alegações, incluindo a de tua existência. Deste-me um senso moral, e senti as dores da culpa e as alegrias do orgulho pelas coisas más e boas que escolhi fazer. Tentei fazer aos outros o que gostaria que eles me fizessem, e, embora tenha sentido falta desse ideal muitas e muitas vezes, tentei praticar teu principio fundamental sempre que pude. Seja qual for verdadeiramente a natureza de tua imortal, infinita e espiritual essência, sendo eu um ser mortal, finito e corpóreo, não sou capaz de compreendê-la, apesar de todo o meu esforço, e portanto seja feita a tua vontade."


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