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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A Possível Comunicação com Pacientes em Estado Vegetativo.


A extensão do texto a seguir

é compensada pelo conteúdo

verdadeiramente interessante,

atual e naturalmente importante!


    
Imagens do cérebro permitem que um paciente em estado vegetativo possa se comunicar.

A pesquisa é um desafio às nossas idéias sobre consciência.


Quinta feira, 04 de Fevereiro de 2010

Algumas pessoas pensam que em estado vegetativo - uma persistente falta de sensibilização seguida a um dano causado ao cérebro - pode-se estar mais acordado do que previamente se pensava, e de acordo com novas pesquisas, capaz até de se comunicar. 



 Um paciente em estudo publicado hoje no New England Journal of medicine (NEJM), foi capaz de corretamente responder a uma série de perguntas do tipo sim ou não, sendo as suas respostas interpretadas via imagens do cérebro.



Mind reading: A patient with no outward signs of awareness was able to answer yes-no questions via functional magnetic brain imaging.
Credit: UK Medical Research Council
A pesquisa destaca o quanto pode ser difícil diagnosticar pessoas nessa condição, e como novas tecnologias podem ser capazes de ajudar.

Ela também abre novos caminhos para a comunicação com aqueles pacientes considerados perdidos para o mundo, e levanta questões éticas e filosóficas sobre a definição de consciência e como acessá-la.

Em minha visão, este artigo científico é uma descoberta da ciência cognitiva e da neurologia, e será a base para uma discussão mais aberta sobre o que realmente significa estar acordado, alerta, e humano," Diz Allan Ropper, um neurologista do Brighham and Women´s Hospital em Boston, que escreveu um comentário no artigo do NEJM.

Em 2006 Adrian Owen, um neurocientista do Medical Research Council (MRC) em Cambridge, Inglaterra, e colegas, publicaram uma surpreendente descoberta. Uma imagem de ressonância magnética funcional, uma medida indireta da atividade cerebral, revelou que um paciente que não apresentava sinais de sensibilização vários meses após um acidente de carro, podia responder mentalmente a uma complexa série de comandos quase da mesma maneira que uma pessoa saudável.

O novo estudo originado dessa pesquisa mostra que o caso anterior não era um incidente isolado, e que a imagem do cérebro pode atualmente ser usada para se comunicar com pacientes sem respostas.

Essas condições, chamadas de desordens da consciência, são frequentemente erradamente referidas como comas. Entretanto, comas duram tipicamente dias ou semanas. Depois disso os pacientes acordam ou passam a um estado vegetativo (no qual tais pessoas são totalmente inconscientes do ambiente) ou um estado mínimamente consciente (no qual eles podem ocasionalmente chorar ou rir, alcançar objetos, ou mesmo responder a simples questões). Pacientes são tipicamente diagnosticados ao lado do seu leito por meio de uma série de exames neurológicos que acessam o seu estado de consciência do seu ambiente.

No presente estudo, pacientes diagnosticados como vegetativos ou minimamente conscientes foram solicitados a imaginarem-se jogando tenis - uma tarefa motora - ou imaginarem-se caminhando pelas ruas de uma cidade que lhes fosse conhecida ou sua casa - uma tarefa espacial.  

 Em pessoas saudáveis, cada uma dessas tarefas ativa uma parte característica do cérebro, permitindo aos cientistas a partir do escaneamento do cérebro saber qual das situações a pessoa está visualizando.

A tarefa é também do ponto de vista cognitivo considerada complexa: O paciente deve compreender o comando, relembrá-lo durante o teste, e então realizar a vizualização.


Os pesquisadores encontraram cinco de 54 pacientes que presumia-se em estado vegetativo que foram capazes de intencionalmente controlar sua atividade cerebral, sugerindo que, embora raro, algumas pessoas com poucos ou nenhum sinal de sensibilização, tinha sinais mensuráveis de consciência.Todos aqueles cinco tinham sofrido danos cerebrais resultantes de trauma, mais do que privação de oxigênio, confirmando que esse grupo tem uma perspectiva mais promissora de recuperação.

A equipe foi além para mostrar que em um paciente, de 22 anos de idade tinha sido diagnosticado como em estado vegetativo depois de um acidente de carro cinco anos antes, dessa tarefa de imaginação ter sido utilizada para estabelecer a comunicação.

O paciente foi instruido para imaginar jogando tenis se a resposta a uma pergunta fosse sim, e imaginar em sua casa se a resposta fosse não. Ele foi capaz de responder cinco de seis questões, e respondeu todas elas corretamente. Os cientistas não souberam as respostas as perguntas antes do teste, confirmando-as depois com a mãe do paciente. Para a última pergunta, em lugar de que tivesse dado uma resposta incorreta, ele não mostrou nenhuma atividade cerebral.  Os pesquisadores dizem que ele pode ter adormecido, sofrido um lapso de consciência, ou escolhido não responder.


 "Este é um primeiro caso, mais pelo menos ele mostra que a tecnologia está desafiando os limites   dos exames clínicos realizados no leito," diz Steven Laureys, chefe do grupo de ciencia do coma na universidade de Liege, na Belgica, e um dos autores do paper. "Eu estou convencido que nós necessitamos adaptar nossos padrões de cuidados e as nossas estruturas éticas e legais para levar em conta esta nova tecnologia. Os pesquisadores não testaram os outro quatro pacientes que poderiam ter imaginação mental, principalmente devido a dificuldades de fazer os testes.

As descobertas abrem a possibilidade de que alguns desses pacientes possam ser capazes de participar de decisões a respeito dos seus próprios cuidados médicos, embora um certo número de questões cientificas, éticas e legais necessitarão ser discutidas antes de dar esse passo.

No recente experimento, por exemplo, cientistas não perguntaram ao paciente se ele sentia dor, em lugar disso fixando-se a questões factuais com respostas que eles pudessem depois confirmar. 

Antes de atacar importantes questões como a dor, tratamento, fim da vida, e daí por diante, há uma porção de coisas que nós devemos discutir na comunidade médica como um todo," diz Laureys.
Saber exatamente o quanto tais pacientes possam estar acordados, ainda não está claro. 
Pessoas em um mínimo estado de consciência tendem ter niveis flutuantes de consciênica, respondendo a simples questões ou comandos sem muita confiança.

E ao contrário de pacientes com "locked-in syndrome", na qual um específico tipo de "brain-stem stroke" deixa a pessoa profundamente paralizada mas amplamente intacta cognitivamente, essas pessoas tem claramente dano cerebral e provávelmente sofrem de severas deficiências. "Mesmo que elas possam dizer sim ou não a uma pergunta simples, se elas retém suficiente capacidade cognitiva para responder a mais complicadas questões, nós não sabemos." Diz Martin Monti, um  pesquisador em pós doutorado do MRC e o autor principal do paper.


Intrigantemente, antes do recente experimento, médicos especializados eram incapazes de estabelecer qualquer tipo de comunicação com o paciente de 22 anos. (alguns pacientes, por exemplo, podem piscar em resposta a sim ou não às perguntas.) "Isso deve significar que em algum lugar o seu sistema não pode produzir comportamento que se adeque ao seu nivel de funcionamento cognitivo." Diz Monti. "Ele claramente podia entender a fala, nos ouvir e imaginar coisas. Estes são todos comportamentos razoavelmente complicados.

Pesquisadores estão agora tentando desenvolver metodos alternativos de medição de atividade no cérebro desses pacientes. A MRI funcional é muito cara, leva muito tempo, e aspectos tecnicamente desafiantes devem permanecer durante o escaneamento, um problema para aqueles que não podem confiávelmente seguir orientações. Dispositivos de eletroencefalograma (EEG), os quais medem a atividade elétrica do cérebro via sensores na superfície do couro cabeludo, são mais baratos e mais portáveis que scaners MRI e estão atualmente sob estudos por Laureys e outros. Pesquisafores também apontam para o desenvolvimento de interfaces cognitivas do cérebro as quais permitirão os pacientes interegirem com o seu ambiente, similares aqueles sob desenvolvimento para pessoas severamente paralizadas.

"Eu penso que você verá que essas ferramentas serão desenvolvidas relativamente rápido, porque há um senso de urgência." Diz Nicholas Schiff, que está coordenando uma pesquisa similar na Weill Cornell Medical College, em Nova York. "Nós queremos saber o quanto confiavelmente elas podrão se comunicar, e se podemos dar a eles diferentes metodos para iniciar a comunicação.

Para conhecer o artigo na íntegra, visite: 
http://www.technologyreview.com/biomedicine/24475/

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