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domingo, 21 de fevereiro de 2010

A Arte de Responder.


Mais interessante do que a arte de perguntar, é a arte de responder. 

A arte de bem responder, entretanto, requer sensibilidade, senso de oportunidade, e sobretudo inteligência e preparo.

Como essas não são qualidades democraticamente distribuídas, sobretudo entre os políticos, é incomum que alguém se destaque pelo brilhantismo, durante uma entrevista.

Gostaria de recomendar a todos a leitura da entrevista à página 42 da Revista Época desta semana (22 de fevereiro de 2010), com a candidata à presidente, Dilma Rousseff.

Eu destacaria para exemplificar o que disse, os seguintes trechos:

Época - A aproximação do Brasil com o Irã não afiança os abusos cometidos contra os opositores do regime?
Dilma - Quando a gente faz a mesma coisa com os Estados Unidos, estamos afiançando Guantanamo (prisão em Cuba para os acusados de terrorismo)? Ou o que aconteceu em Abu Ghraib (prisão do Irque onde iraquianos foram torturados por americanos)? Não estamos fazendo isso. Estamos nos relacionando soberanamente. Essa posição de interferência na política interna dos outros já levou a muitos problemas no mundo. Um exemplo é o Haiti, produto de uma política internacional que se julgava no direito de exigir A, B, C, ou D do povo haitiano. Deu no que deu, um desastre.

Época - Vários governos da América Latina, em especial a Venezuela, tentam controlar a mídia e cercear a liberdade de opinião. Qual é a sua opinião sobre o governo do presidente Hugo Chavez?
Dilma - No governo brasileiro somos a favor da liberdade de imprensa e de livre manifestação, um direito fundamental da democracia. Não queremos cercear, controlar o conteúdo de jornais ou fazer algo similar. Mas não nos relacionamos com países exportando nosso modelo para ninguém, nem impondo esse modelo. Não fazemos isso. É muita pretensão quem pensa que define de fora a política interna de um povo. Ela tem suas características, suas especificidades e suas realidades sociais. A Venezuela é uma realidde, nós somos outra. Temos uma relação com a Venezuela sim, e mantemos essa relação. Temos também uma relação com o presidente Álvaro Uribe (da Colômbia), que está pedindo o terceiro mandato - e não tenho visto por aqui ninguém questionando o terceiro mandato dele.

Época - Quando a senhora diz ser radicalmente contrária a privatização do patrimônio público, isso soa como crítica às privatizações do governo FHC, como se elas tivessem sido danosas...
Dilma - Não chegou a ser tão danoso como foi para países vizinhos, porque não conseguiram fazer tudo. Mas pegaram a Petrobras e começaram a tentar reduzi-la a uma dimensão menor. Impediram a verticalização da empresa, que ela tivesse ganhos de escala.

Época - Mas a privatização da Petrobras estava impedida por lei ...
Dilma - Achamos estranha aquela história do nome Petrobrax. Era uma tentativa de abrir o capital mais do que devia. A única parte do Brasil no nome da Petrobras é o "bras". Se é capaz de transformar um S em X, tem dó ... As intenções são muito claras.

Época - E a privatização da Vale? E das Teles?
Dilma - Com as teles, acho que foi diferente. Em relação à Vale, vamos ter de fazer exigências a respeito do uso da riqueza natural. Isso não significa reestatizar. Ela pode ser perfeitamente privada, desde que submetida a controles. Só não acho possível concordar que a Vale exporte para a China minério de ferro e a gente importe bens e produtos siderúrgicos. Essa não é uma relação do nosso interêsse como nação. Não vejo grandes problemas no setor elétrico. A privatização de Furnas foi impedida porque o pessoal se mobilizou. A visão que se tinha de não planejamento e de não visão de longo prazo no caso da energia deu no que deu em 2001 (ano do apagão). Sou contra privatizar o BNDES, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal. Minha gratidão com a história é que ela provou que a gente estava certo. Ai de nós se não estivéssemos os três bancos! Só conseguimos enfrentar a crise econômica porque tinhamos estrutura para enfrentá-la. Porque na hora da crise, quando o pavor bate ...

Época - Podemos mudar de assunto?
Dilma - Não, é que quero explorar muito essa história do Estado, sabe? O Estado mínimo tem uma perversidade monstruosa. Sabe qual é? 

.... e a entrevista continua...

Para os interessados, visitem:

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