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sábado, 1 de novembro de 2008

Sobre a Morte (03/03)


A revista Super Interessante do mês de novembro, edição 258, trás à página 31, um artigo intitulado: "Ciência, uma questão de fé". Trata-se de uma referência aos experimentos que estão sendo realizados na fronteira entre a França e a Suiça, utilizando o gigantesco acelerador de Hádrons (LHC), de 27 quilômetros de circunferência, e que custou cerca de 3 bilhões de Euros.




Apenas para se ter uma idéia, com todo esse dinheiro daria para os americanos sustentarem a guerra no Iraque, durante um dia e meio. Talvez nem isso! Quem sabe, até as dez horas da manhã, do segundo dia.





O objetivo dos cientistas envolvidos no projeto, é encontrar algo que jamais viram, mas que há uma grande indicação de que existe.





Eles buscam encontrar uma partícula chamada bóson de Higggs, também conhecida por partícula de Deus. Ela é responsável "por fazer as coisas ter massa - graças a ele você é uma coisa sólida, e não um fantasma feito de luz".





A fé dos cientistas não é totalmente cega, porque o bóson de Higgs faz parte das equações matemáticas usadas para explicar o funcionamento do universo, e sem a sua presença as contas não dariam certo. Por isso é de se supor que ela seja real.





Há um exemplo ainda mais contundente, do quanto a Ciência pode (de certo modo) ser considerada uma questão de fé. É que existem hoje no mundo, cientistas interessados em provar científicamente, que a consciência sobrevive a morte do cérebro.




Esse é o caso do Dr Sam Parnia, que divide o seu tempo entre hospitais do Reino Unido, e a Cornell University em Nova York. Ele é fundador do Grupo de Investigação da Consciência na Universidade de Southampton e presidente da Horizon Research Foundation. Ele também conduz o estudo científico considerado inovador, em parceria com vários centros médicos dos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá, que buscam descobrir através da ciência, o que acontece quando morremos.




O Dr Sam Parnia é o autor do livro "O que acontece quando morremos - Um estudo sobre a vida após morte". Se você acha que porque lí o livro agora estou sabendo de todos esses segredos, lhe digo que não. Para tal, seria preciso que o autor tivesse obtido resultados conclusivos, e os tivesse alí divulgado. As pesquisas estão em andamento faz 12 anos, mas ainda não é possível provar nada.





A idéia desse projeto surgiu das chamadas Experiências de Quase Morte (EQM), vividas por pessoas que passaram por momentos críticos em que foi tentada com sucesso, a sua ressussitação.




Muitas dessas pessoas contam ter visto tudo que aconteceu durante os procedimentos realizados no seu corpo, como se estivessem de fora, dele não fazendo parte, mas vendo e ouvindo tudo o que alí se passava. É comum a narrativa de verem um tunel, sentirem presença de seres luminosos, e com eles poderem se comunicar sem palavras. A experiência é descrita em geral, como extremamente agradável, inesquecível e transformadora da vida dos que por ela passaram.




Lendo as explicações do Dr Parnia sobre as suas pesquisas, podemos compreender as dificuldades por ele encontradas. Qual o efeito nessas descrições, de uma série de fatores que as possam ter influenciado? Efeitos de anestésicos (naqueles que estivessem sob efeito de anestesia), deficiência de oxigenação, presença de excesso de gás carbonico no organismo ...




Seria mesmo possível alguém ter uma experiência de como seria após a morte sem ter realmente morrido?





Você poderá acompanhar os resultados mais recentes dessas pesquisas, no site http://www.horizonresearch.org/. De acordo com o Dr Parnia, lá você "vai ver quem são os colaboradores desse trabalho, os lugares acrescentados ao estudo e outras notícias importantes, além de acompanhar qualquer outro descobrimento".





Imagine o alcance do resultado final dessas pesquisas!




Assim como no Acelerador de Hádrons, tudo pode acontecer!
Nos subterrâneos da fronteira da França com a Suiça, os cientistas poderão achar o bóson de Higgs, e o regozijo será indescritível.




Por outro lado, se concluirem pela não existência da partícula, será como o maracanã após a final da Copa do Mundo de 50, com o Uruguai nos vencendo por 2 X 1. O Brasil havia feito o primeiro gol, e jogava pelo empate. Já havia até comemorado o campeonato!




Do mesmo modo, dos centros médicos de todo mundo, poderá vir o resultado sobre os estudos das Experiências de Quase Morte.




Os que pela fé, intuição, ou vontade incontrolável, acreditam na vida no além, haverão de diante dessa confirmação, bradar: "Eu não disse ?"




Do outro lado, acredito que em número muito menor, como eram os uruguaios naquele dia no maracanã, estarão os "100% Razão". Se for constatado que sem cérebro não há mente, consciência nem memória, dirão entediados: "Eu já sabia".




As vezes eu penso sobre o que nos leva a sentir uma pontinha de vontade, de deixar tudo como está. Descobrir o sexo da criança somente na hora do parto, proporciona 9 meses de movimentação, expectativa e palpites, contra apenas uns quatro ou cinco meses, quando um aparelhinho de ultrasonografia já se liquida com uma mal aproveitada incerteza!




Outro exemplo trago ainda do futebol. Com os recursos atuais da tecnologia, é possível por na bola um chip, e acabar de vez com as dúvidas sobre se a bola entrou ou não entrou, se saiu ou não saiu. Também já seria possível parar um jogo para esclarecer lances duvidosos, reprisando-os em uma tela de plasma ou LCD, até mesmo em alta deinição.




Por enquanto continua a resistência por parte da Federação Internacional de Futebol, de utilizar esses recursos. É mais ou menos naquela linha de desejar que as coisas fiquem um pouco mais como estão. Seria esse esporte o mesmo sem as dúvidas que ficam na cabeça dos torcedores, as imperfeiçoes das marcações, dos xingamentos ao juiz, e das discussões intermináveis entre torcedores após o jogo?




Que as experiências sobre o pós-morte, prossigam sem muita pressa. Acessaremos hesitantes o site da Horizon Research, temerosos de ler os últimos resultados das pesquisas. Sabemos o quanto TODOS ainda que inconscientemente, anseiam por desvendar esse mistério.




Recordo da descrição que lí certa vez, sobre um homem muito odiado, que aguardava em uma cela, o momento da sua execução. Por sinal, chamou a atenção dos carcereiros, o quanto ele aproveitou muito mal os seus últimos momentos na prisão. Nem parecia que mais alguns minutos, e estaria morto. Chegada a hora, ele foi conduzido à presença do carrasco que o esperava no patíbulo. Uma multidão enfurecida o insultava durante a sua passagem. E então, um pouquinho só antes de morrer, olhando para toda aquela multidão enfurecida, ele disse:
"Em um instante eu saberei sobre o grande segredo da morte, e vocês continuarão em total ignorância sobre ele".




Pois é. Foram xingá-lo!!!




À véspera do dia em que celebra-se "Finados", nos caberia a reflexão:



"Para onde irei quando morrer?

Que serei eu quando lá chegar?

Voltarei ao mundo dos vivos?

Desaparecerei para sempre"?




Fiquemos com o sábio pensamento de Wladimir Nabokov:




"A vida é uma grande surpresa. Não vejo por que a morte não possa nos surpreender ainda mais".

Um comentário:

Anônimo disse...

Jucá, esse é um tema que me fascina muito. Infelizmente, tenho lido muito pouco sobre isso absorvida na rotina diária. E aí, depois de ler essa sua trilogia, vem a reflexão sobre o que estou fazendo do meu tempo de permanência por aqui. Será que ao chegar a hora de fazer a curva na estrada vou poder dizer que fiz o melhor que era capaz pra mim e para os que me cercam? "Morro" de curiosidade de conhecer o outro lado. rsrs Desculpe o infame trocadilho. Grande Abraço,
Fátima Viana

O Sexto Sentido.

Uma Volta ao Mundo, Dançando!