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quinta-feira, 13 de março de 2008

"White Horse Village".





Acompanho com interesse o que acontece na China. Por isso assisti com atenção ao documentário "White Horse Village", o qual será exibido outra vez ainda hoje, às 22 h 15, pelo canal 89 - BBC World - da SKY.
Tenho a dimensão do que acontece hoje na China. É mesmo inacreditável que em Xangai, a poucos metros de uma estátua de Mao Tse - tung, o grande líder Chinês do comunismo, erga-se um monumento ao consumismo. Alegres esculturas de famílias Chinesas a caminho das compras, de sacolas e tudo, contrastam com o olhar de Mao perdido no horizonte.



Esse não é o único monumento ao consumismo encontrado ali, nas proximidades de mais um majestoso "Mall". Na China ocorre o inusitado. O lado mais divulgado da China tem sido o da China espetacular. Aquela que faz 5 anos, cresce com taxas superiores aos 10 % anuais. A China dos novos milionários, cujo mercado crescente de carros de luxo, é o indicativo maior dos novos tempos. Paraíso dos arquitetos e construtores, deslumbre para os grandes investidores. Até as cobranças internacionais pelo respeito aos direitos humanos, soam inaudíveis diante de tantas po$$ibilidades que alí se descortinam. Afinal, por que não concentrar as demandas morais e éticas com rigor exemplar, apenas nos países menos promi$$ore$?



Voltando porém ao ponto: "White Horse Village", é apenas uma das milhares de vilas (porque na China tudo é superlativo), que serão demolidas para em seu lugar aparecer o "progresso".



Alguns Chineses de lá, até parecem com nordestinos! Talvez até o sejam, se é que são nascidos no nordeste da China. Mas refiro-me ao nordestino daqui do interior do nosso nordeste do Brasil. Havia um que até chapéu de palha usava. E a semelhança não parava por aí. Ele dizia:



- Fazer o quê? O partido quer que seja assim!



O nosso conformismo nordestino, sendo que com "o partido" em lugar de Deus!



Como são tão parecidos os homens! Não? Em todos os lugares os ingênuos, simples, e de boa fé, sujeitos aos ardis dos traquinas.



Hoje, reunião comunitária. Avisa o "secretário da vila" ao megafone. A reunião começa com o recado do governo:



- ... e será para o bem de vocês.



Entre os presentes, afirmações do tipo:



- Mas não quero sair da minha casa! Tenho teto e comida. Estou feliz assim. Até já mandei uma petição ao partido, reinvidicando esse direito. Não tenho medo de nada. Não vou fazer o que você quer.



O cemitério. Cemitério particular. Quatro ou cinco jazigos. Outra vez o conformismo. Dois parentes. Um deles comenta pesaroso sobre a necessidade da remoção. O outro completa;



- Sim! Fazer o quê?



A reunião continua, e uma mulher nervosa e agitada, afirma:



- Pagam-nos mal pelo que indenizam. O dinheiro que eles ganham, não chegará até nós.



Quem era a mulher que falou assim? Talvez uma camponesa analfabeta, porém visionária. Ela não acreditava na distribuição de renda.



China! O que lá acontece, do jeito como acontece, é certamente muito bom para alguns. Mas será também para os outros? A proporção na qual se distribui o entusiamo por essa "nova economia", é provavelmente semelhante àquela em que ficará dividido o capital.
Quem viverá mais feliz depois, do que era antes?
Quanto tempo ainda teremos de esperar até que o desenvolvimento ocorra de modo humanizado?

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