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quinta-feira, 27 de março de 2008

Ainda Sobre Eça de Queirós.

Eça de Queirós com a sua filha primogênita Maria.

Eça de Queirós provavelmente terá sabido que o filósofo inglês Thomas Hobbes (1588 – 1679) certa vez disse: “Eu e o medo nascemos juntos”. Ele referia-se ao medo sentido por sua mãe, diante de uma ameaça de invasão da Inglaterra, pela poderosa esquadra espanhola comandada por Felipe II. Esse medo materno terminaria por abreviar a gestação de Hobbes, que nasceu prematuro de apenas sete meses.
Eça de Queirós poderá, embora nunca tenha escrito, algum dia ter pensado assim: “Eu e a rejeição nascemos juntos”. Mais do que a rejeição sofrida da parte da sua mãe, foi a que lhe coube também do seu pai e do restante da sua família. Na Portugal do século XIX, a conveniência de disfarçar a existência dos nascidos ilegitimamente, levava a atitudes então consideradas “normais” mas que atualmente são inteiramente descabidas e reprováveis. Porém o que fizeram ao Eça, àquele menino, até naquele Portugal extrapolava os padrões da época. Pelo menos o seu avô paterno teve um papel diferenciado com relação ao neto. Assumiu-o, providenciando uma casa bem longe e uma mulher para dele “tomar conta”. Mas indo direto ao ponto, como pode o pai de Eça de Queirós ser brasileiro? O avô paterno de Eça de Queirós era desembargador e foi enviado ao Brasil, na época do Brasil colônia, para ser Juiz aqui onde eu moro – Pernambuco. Ele trouxe consigo uma camponesa com a qual já vivia em Portugal, e com a qual tivera alguns filhos. Aqui no Brasil ele casou com ela, e nasceu o pai de Eça de Queirós, provavelmente no Recife. O pai de Eça viveu aqui no Brasil até 1820, quando voltou para Portugal com sua família, onde muitos anos depois viria a tornar-se o pai solteiro de Eça de Queirós, cuja mãe era também solteira.
As surpresas porém ainda não terminaram. Sabe aquela mulher que foi designada para cuidar do bebê? . Ela era pernambucana, filha natural de uma criada do avô de Eça. Fora levada junto com a família quando do seu retorno para Portugal. A autora da biografia não demonstrou sequer desconfiar! Quanto a mim, sou levado a pensar que ela bem que poderá ter sido uma meia tia do Eça de Queirós.
Outra vez lá vou eu escrevendo demais...

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