Os filósofos Mário Sérgio Cortella e Renato Janine Ribeiro, transformaram um interessante diálogo entre os dois, em um livro de título bastante sugestivo: "POLÍTICA Para Não Ser Idiota".
Eles começam por resgatar o verdadeiro significado da palavra grega idiótes, usada para significar aquele que é voltado apenas para sí, despreocupado com os outros e, ainda se acha muito esperto, por causa disso!
Eles consideram o fato de que vivemos hoje o paradoxo, de serem considerados idiótes, os que se interessam pela política!
Entretanto, os verdadeiros idiótes são os que não ligam para que os outros escolham em seu lugar, aqueles que vão nos governar. Tudo porque assim preferem, a ter que desenvolver o seu interesse por questões públicas, qualquer que seja o âmbito.
Eximir-se de participar, indisposição para ouvir as mais diversas opiniões sobre os mais variados assuntos, despreocupação em desemvolver idéias próprias bem fundamentadas, e não externar com propriedade as suas idéias, são aspectos que caracterizam as pessoas idiótes.
A idéia básica é a de que não vivemos em Domus (casas) e sim em con-domínios, e a política deve ser vista como convivência coletiva, e portanto de interesse comum.
Vejo a ausência permanente de pessoas nas reuniões de seus condomínios residenciais, como o indicativo de um desinteresse de abrangência maior, evidenciado pela omissão nos períodos eleitorais.
Esquecem-se de que quem não gosta de política é governado pelos que gostam. Além de que como já diziam os antigos: "Os ausentes, nunca tem razão".
Para concluir, nós que "brincamos" mais esse carnaval político, por isso vivemos hoje a sua "quarta feira de cinzas". Como não somos idiótes, destaquei para que relembrássemos, alguns pontos que comentaristas políticos consideraram relevantes, no elogiado discurso de ontem da nossa presidente:
Minhas amigas e meus amigos de todo o Brasil,
É imensa a minha alegria de estar aqui.
(...) A igualdade de oportunidades para homens e mulheres é um principio essencial da democracia. Gostaria muito que os pais e mães de meninas olhassem hoje nos olhos delas, e lhes dissessem: SIM, a mulher pode!
(...) Zelarei pela mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa.
(...) Não podemos descansar enquanto houver brasileiros com fome, enquanto houver famílias morando nas ruas, enquanto crianças pobres estiverem abandonadas à própria sorte.
A erradicação da miséria nos próximos anos é, assim, uma meta que assumo, mas para a qual peço humildemente o apoio de todos que possam ajudar o país no trabalho de superar esse abismo que ainda nos separa de ser uma nação desenvolvida.
Minha convicção de assumir a meta de erradicar a miséria vem, não de uma certeza teórica, mas da experiência viva do nosso governo, no qual uma imensa mobilidade social se realizou, tornando hoje possível um sonho que sempre pareceu impossível.
(...) Trataremos os recursos provenientes de nossas riquezas sempre com pensamento de longo prazo. Por isso trabalharei no Congresso pela aprovação do Fundo Social do Pré-Sal. Por meio dele queremos realizar muitos de nossos objetivos sociais.
(...) Definitivamente, não alienaremos nossas riquezas para deixar ao povo só migalhas.
(...) A visão moderna do desenvolvimento econômico é aquela que valoriza o trabalhador e sua família, o cidadão e sua comunidade, oferecendo acesso a educação e saúde de qualidade.
(...) Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles. De minha parte não haverá discriminação, privilégios ou compadrio.
A partir de minha posse serei presidenta de todos os brasileiros e brasileiras, respeitando as diferenças de opinião, de crença e de orientação política.
Nosso país precisa ainda melhorar a conduta e a qualidade da política. Quero empenhar-me, junto com todos os partidos, numa reforma política que eleve os valores republicanos, avançando em nossa jovem democracia.
Agradeço a imprensa brasileira e estrangeira que aqui atua e cada um de seus profissionais pela cobertura do processo eleitoral.
Não nego a vocês que, por vezes, algumas das coisas difundidas me deixaram triste. Mas quem, como eu, lutou pela democracia e pelo direito de livre opinião arriscando a vida; quem, como eu e tantos outros que não estão mais entre nós, dedicamos toda nossa juventude ao direito de expressão, nós somos naturalmente amantes da liberdade. Por isso, não carregarei nenhum ressentimento.
Disse e repito que prefiro o barulho da imprensa livre ao silencio das ditaduras. As criticas do jornalismo livre ajudam ao pais e são essenciais aos governos democráticos, apontando erros e trazendo o necessário contraditório.
Agradeço muito especialmente ao presidente Lula. Ter a honra de seu apoio, ter o privilégio de sua convivência, ter aprendido com sua imensa sabedoria, são coisas que se guarda para a vida toda. Conviver durante todos estes anos com ele me deu a exata dimensão do governante justo e do líder apaixonado por seu pais e por sua gente. A alegria que sinto pela minha vitória se mistura com a emoção da sua despedida.
Sei que um líder como Lula nunca estará longe de seu povo e de cada um de nós.
Baterei muito a sua porta e, tenho certeza, que a encontrarei sempre aberta.
Sei que a distância de um cargo nada significa para um homem de tamanha grandeza e generosidade. A tarefa de sucedê-lo é difícil e desafiadora. Mas saberei honrar seu legado.
União pela educação, união pelo desenvolvimento, união pelo país. Junto comigo foram eleitos novos governadores, deputados, senadores. Ao parabenizá-los, convido a todos, independente de cor partidária, para uma ação determinada pelo futuro de nosso país.
Sempre com a convicção de que a Nação Brasileira será exatamente do tamanho daquilo que, juntos, fizermos por ela.
Muito obrigada,
Obs:
1.O discurso está transcrito na íntegra, no blog o Tijolaço, de Brizola Neto: http://www2.tijolaco.com/
2. Para conhecer o resultado das apurações em qualquer dos mais de 5000 municípios brasileiros, clique sobre o título acima (Já Que Não Somos "Idiótes").